O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou que convocará uma reunião extraordinária do Fórum Nacional de Governadores, grupo coordenado por ele, para discutir alternativas e estratégias para responder às tarifas de 50% a produtos brasileiros impostas pelo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump (Republicano), previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º).
A reunião foi anunciada nesta segunda-feira (28), após o encontro do governador com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), que também foi convidado para o encontro de governadores. A reunião ainda não tem data para acontecer, pois depende da agenda do vice-presidente da República.
“Cada estado vai mostrar os seus impactos, e queremos formar uma comissão para acompanhar as negociações. É hora de agir com diálogo e união para proteger empregos, renda e a população, que é quem mais sofre”, manifestou Ibaneis por meio de suas redes sociais.
Ibaneis ainda disse que “todos os governadores” do país “estão muito preocupados”. Ele ainda disse que os governadores devem estudar a possibilidade de criarem um grupo para ir a Washington, capital dos Estados Unidos, negociar sobre o tarifaço “lá dentro”.
A articulação de Ibaneis ocorreu um dia após Donald Trump anunciar, neste domingo (27), que todas as taxas comerciais, não somente as dos Brasil, entrarão em vigor a partir de 1º de agosto. No mesmo dia, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, enfatizou que as tarifas serão implementadas “sem prorrogações”.
Anistia
A reunião acontecerá, mas a discussão não acontecerá nos moldes que desejam o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo. Após a reunião com Alckmin, Ibaneis reiterou que não entrará na pauta do Fórum de Governadores o projeto que concede anistia aos presos envolvidos nos atos antidemocráticos contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Após ser questionado pela imprensa, ele destacou que a eventual reunião extraordinária terá foco nas sobretaxas norte-americanas por se tratar de um tema que “une” os governantes no geral, independente da linha ideológica.
“Nós não estamos tratando de anistia. Nós estamos tratando de temas que unem. Nós sabemos que, nessa questão da anistia, você nunca vai conseguir juntar o pensamento de esquerda com o de direita. Então, a nossa postura no Fórum agora é tratar de tarifas, porque eu quero o tema que una”, disse o governador da capital federal.
O projeto de anistia, que atualmente está travado na Câmara dos Deputados, é apontado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como a única moeda de troca que poderia fazer Donald Trump suspender a taxação. Isso porque, desde a primeira carta que enviou comunicando sobre as novas taxas a produtos brasileiros, Trump citou o julgamento do ex-presidente alegando que ele está sofrendo uma “caça às bruxas” no Judiciário brasileiro.
Governo federal
Enquanto isso, o governo federal se prepara para tentar reduzir impactos do tarifaço de Trump. Em conversa com jornalistas nesta segunda-feira Geraldo Alckmin disse que “o plano de contingência está sendo elaborado, bem completo”, mas reiterou que o governo está empenhado em tentar resolver o problema antes das tarifas serem, de fato, implementadas.
Porém, já considerando que as tarifas serão aplicadas, o Ministério de Desenvolvido, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento e Orçamento articulam medidas para amenizar os impactos. O projeto deve ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda nesta semana. Dentre as alternativas estudadas, está a criação de uma linha de crédito facilitado para os setores mais atingido, seja por meio da criação de um fundo privado ou por financiadores públicos.
Além disso, o ministro de Relações Exteriores Mauro Vieira está em Nova York para participar de um evento da Organização das Nações Unidas (ONU) até esta terça-feira (29), mas indicou que está disposto a se deslocar para Washington negociar sobre o tarifaço, desde que a diplomacia estadunidense se manifeste aberta ao diálogo.