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Avôhai, Zé da Paraíba!

Admirável Sertão de Zé Ramalho | Foto: Priscila Prade/Divulgação

Aobra do cantor e compositor paraibano Zé ramalho é vista através de recortes, símbolos e metáforas em "O Admirável Sertão de Zé Ramalho" musical que chega ao Teatro Carlos Gomes após circular por dez cidades e ser visto por mais de 15 mil pessoas. O espetáculo celebra os 45 anos de trajetória artística do autor de "Admirável Gado Novo", "Chão de Giz" e "Pedra do Ingá".

Idealizado pelo produtor Eduardo Barata e desenvolvida pela dramaturgia de Pedro Kosovski sob direção de Marco André Nunes, o musical distancia-se da narrativa linear tradicional. "É uma homenagem a um grande brasileiro que levou para o mundo a força artística do Nordeste, com qualidade em sua realização e enorme potência criativa. O texto apresenta personagens de referência na obra do homenageado - os retirantes, a seca, a trovadora e Avôhai", explica Barata.

Pedro Kosovski construiu um texto que dialoga organicamente com as canções. "As próprias músicas revelam momentos da vida desse grande artista. Tudo é muito carregado de simbolismo e metáforas. Montei uma estrutura com textos que não brigassem com as letras. É uma oportunidade para que possamos entrar nessas imagens que as canções evocam", detalha o dramaturgo.

O diretor Marco André Nunes reforça: "No espetáculo, colocamos em cena recortes da trajetória do Zé, desde a infância até ele se tornar conhecido nacionalmente. Tanto quem conhece quanto quem não conhece muito o Zé vai poder observar as músicas e ser tocado por essas experiências que ele viveu". A estrutura divide-se em cinco módulos: Brejo da Cruz (origens), Campina Grande (despertar musical), João Pessoa (início da composição), Rio de Janeiro (dificuldades) e Popstar (consagração).

O elenco reúne Eli Ferreira, Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Diego Zangado, Duda Barata, Marcello Melo, Muato e Nizaj.

Macaque in the trees
Os tipos apresentados nas canções de Zé Ramalho são o ponto de partida da narrativa do musical | Foto: Priscila Prade/Divulgação

A força mais sedutora da obra de Zé Ramalho está em suas letras. Seus versos bebiam tanto no folk-rock de Bob Dylan quanto nos violeiros do Vale do Pajeú, despertando associações inesperadas, memórias ancestrais atravessadas por lampejos futuristas, intuições antigas quanto as pedras sertanejas filtradas por sensibilidades contemporâneas. Tratava-se de um realismo fantástico genuinamente brasileiro, onde o Sertão nordestino revelava-se tão propício às visões lisérgicas quanto os desertos americanos celebrados pela geração beat.

Entre composições própria e álbuns de releituras de suas grandes influências (Beatles, Raul Seixas, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro), a discografia de Zé Ramalho ultrapassa 30 álbuns, totalizando mais de 6 milhões de cópias vendidas, com destaque para o CD duplo "20 Anos: Antologia Acústica" de 1997, que ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares. Mas o dado mais significativo está além dos números, pois sua obra ganha mqais e mais densidade com o passar do tempo.

SERVIÇO

O ADMIRÁVEL SERTÃO DE ZÉ RAMALHO

Teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes s/nº - Centro) De 13/11 a 14/12, quintas e sextas (19h) e sábados (17h)

Ingressos: R$ 40 a R$ 20 (meia) | R$ 20 e R$ 10 (sessões populares dias 15 e 16/11)