A Casa de Cultura Laura Alvim foi palco de reencontros e reconhecimento na entrega do 17ª Prêmio Fita de Teatro, que encerrou o ciclo da Festa Internacional de Teatro de Angra realizada em setembro. A noite teve como momento central a homenagem a Diogo Vilela, que completou 55 anos de trajetória artística justamente durante a última edição do festival em Angra dos Reis. O veterano, visivelmente emocionado, fez questão de compartilhar o palco com Osmar Prado, seu parceiro de longa data, que havia acabado de receber o Prêmio Especial do Júri, por sua atuação em "O Veneno do Teatro", descrita pelo júri como "uma declaração de amor à profissão".
Entre os 12 espetáculos premiados em 18 categorias, dois se destacaram ao conquistar três troféus cada. "E Vocês, quem São?" levou os prêmios de Melhor Espetáculo, Melhor Ator e Trilha Sonora, esta última creditada à direção musical de Larissa Luz e Os Capoeira. Para Samuel de Assis, a vitória na categoria individual teve peso especial: foi seu primeiro prêmio de interpretação em 26 anos de profissão. A conquista ganhou ainda mais significado pela presença de Mel Lisboa no palco, também como vencedora. "Está difícil controlar a emoção porque este foi o primeiro palco em que subi na vida, aos 8 anos. E vi o Samuel vencer junto comigo. Nós estivemos juntos na Fita em 2016 com o espetáculo 'Othelo' e agora estamos aqui mais uma vez, cada um com seu troféu", declarou a atriz ao receber o prêmio das mãos de Cláudio Ferreti, prefeito de Angra dos Reis.
Mel Lisboa foi duplamente premiada por sua atuação em "Rita Lee - Uma Autobiografia Musical", levando os troféus de Melhor Atriz e a distinção na categoria principal. O espetáculo, que celebra a trajetória da cantora e compositora, ainda rendeu o prêmio de Atriz Coadjuvante para Débora Reis e conquistou o público ao vencer na votação popular. A escolha confirma a força das biografias musicais no teatro contemporâneo brasileiro, gênero que tem se consolidado como ponte eficiente entre diferentes gerações de espectadores e mantém em cena a memória de artistas fundamentais da cultura nacional.
O espetáculo de Diogo Vilela, "O Bem Amado", não ficou de fora da festa e garantiu dois prêmios: Melhor Ator Coadjuvante para Chris Penna e Melhor Produtora para Marília Milanez. A montagem revisita a obra de Dias Gomes em um momento no qual o teatro brasileiro tem buscado resgatar textos clássicos da dramaturgia nacional, oferecendo novas leituras para obras que marcaram a cena política e cultural do país nas décadas passadas.
Outro destaque da noite foi "Mary Stuart", que liderou as indicações e converteu parte delas em vitórias nas categorias de Melhor Direção, para Nelson Baskerville, e Melhor Iluminação, com Wagner Freire. Ambos os prêmios foram recebidos pela atriz Virginia Cavendish, que representou a produção. A montagem da obra de Friedrich Schiller reafirma o interesse do teatro brasileiro pelo repertório clássico europeu, especialmente aquele que dialoga com questões contemporâneas de poder e gênero.
Entre os demais vencedores, Mouhamed Harfouch foi premiado por sua dramaturgia em "Meu Remédio", enquanto Eric Lenate conquistou o prêmio de Melhor Cenário por "Novas Diretrizes em Tempos de Paz". O figurino de "O Elogio da Loucura", criado por Kelly Siqueira e Mariana Baffa, também foi reconhecido, assim como Bernardo Coimbra na categoria Revelação pelo trabalho em "A.M.I.G.A.S.".
Confira a premiação completa no quadro ao lado