Lucas Popeta retorna aos palcos com o monólogo 'Quebrando Paradigmas', que entrelaça história, resistência e protagonismo negro na formação cultural brasileira
Lucas Popeta retorna ao palco do Teatro Municipal Ipanema Rubens Corrêa com "Quebrando Paradigmas", espetáculo que revisita a trajetória da identidade negra no Brasil num mergulho na história do país sob a perspectiva de um jovem negro de 23 anos, num exercício cênico que dialoga diretamente com o legado de Abdias Nascimento e do Teatro Experimental do Negro (TEN).
O monólogo, que tem texto e idealização do próprio ator, constrói sua narrativa a partir de figuras históricas fundamentais como Maria do Nascimento, Arinda Serafim e Marina Gonçalves, evidenciando o papel de mulheres negras na construção cultural brasileira. O trabalho joga holofotes em nomes e trajetórias sistematicamente apagados dos registros oficiais.
"Dar nome e voz a essas pessoas é reencontrar a história que não nos ensinaram nas escolas e que agora temos autonomia pra descobrir. É entender de onde viemos e poder escolher, com consciência, pra onde queremos ir", afirma Popeta, que vê nesse resgate uma ferramenta de transformação social. Segundo ele, essa consciência histórica é recente: "Há 50 anos atrás a gente não tinha essa mentalidade. Vivemos num país jovem, que ainda está se entendendo enquanto nação".
A montagem independente conta com direção geral de Gizelly de Paula, direção musical de Beà Ayòóla, direção de movimento de Marili Stefany e direção de produção de Gabriela Nascimento. A equipe majoritariamente feminina reforça, também nos bastidores, a proposta de protagonismo negro que atravessa toda a produção. Ainda que seja um monólogo sobre vivências pessoais, a dramaturgia conduz o público a uma reflexão sobre estruturas históricas que moldaram - e seguem moldando - as relações raciais no país.
SERVIÇO
QUEBRANDO PARADIGMAS
Teatro Ipanema Rubens Corrêa (Rua Prudente de Morais, 824) | De 31/10 a 9/11, sextas e sábados (20h) e domingos (19h) | R$ 40 e R$ 20 (meia)
