Performance 'Ouroboros' propõe experiência sensorial imersiva na interpretação de Rafa Machado
A serpente que devora a própria cauda, símbolo presente em diferentes culturas, leva sua potência cíclica à performance "Ouroboros", em cartaz às terças no Teatro Cândido Mendes. Essa metáfora permeia uma experiência cênica que convida o público a mergulhar nos ciclos de morte e renascimento. A proposta da artista Rafa Machado, que idealiza e interpreta a obra, parte da premissa de reconexão com o próprio corpo através dos sentidos como caminho de resgate da presença e da ancestralidade.
Originalmente um poema escrito por Rafa Machado, o texto inspirou a realização de um curta-metragem homônimo que, por sua vez, desdobrou-se na criação cênica que chega aos palcos.
Sob a direção de Alexandra Azambuja e com direção de movimento e preparação corporal de Mylena Carreiro, a performance constrói uma cena em que corpo, som, aroma e imagem se entrelaçam para criar uma vivência imersiva, levando o espectador a abandonar a posição passiva de quem apenas assiste para, de alguma forma, sentir-se dentro da dramaturgia.
Rafa conta que as reações têm sido tão diversas quanto intensas. Há quem saia em silêncio, visivelmente emocionado, processando internamente a experiência vivida. Outros descrevem a vivência como uma viagem guiada pelos sentidos, um deslocamento que não se dá no espaço físico, mas nas camadas de percepção e memória que habitam o corpo. Para ela, essas respostas confirmam o verdadeiro propósito da criação. "É sobre lembrar o espaço que somos e habitamos", afirma a artista.
A performance dialoga com pesquisas cênicas que entendem o corpo não apenas como instrumento de representação, mas como território de memória, afeto e conhecimento. O resgate da ancestralidade proposto pela obra não se refere a um passado distante, mas às camadas de experiência de nossa própria materialidade corporal.
SERVIÇO
OUROBOROS
Teatro Cândido Mendes (Rua Joana Angélica, 63, Ipanema)
28/10, às 20h | R$ 66 e R$ 33 (meia)