Montagem de 'Aniversário Guanabara' imagina o tradicional (e concorrido) evento em cenário distópico para debater crise climática e desigualdade
O que aconteceria se o último Aniversário Guanabara ocorresse em um Rio de Janeiro devastado pelo aquecimento global, onde a fome substituiu a fartura das mesas de frios? Essa provocação move "Aniversário Guanabara", espetáculo do Renca Coletivo de Teatro que transforma um dos eventos mais emblemáticos do cotidiano carioca em ponto de partida para reflexões urgentes sobre crise climática e justiça ambiental numa dramaturgia que equilibra humor, denúncia e poesia ao abordar temas complexos com linguagem acessível.
Após circular por diferentes espaços públicos da capital e da Baixada Fluminense, a montagem será encenada neste sábado (25), às 15h, no Posto 2 do Aterro do Flamengo.
Primeiro texto autoral do coletivo, o espetáculo conquistou reconhecimento na cena teatral fluminense. Recentemente, venceu a Mostra Cenas Curtas da 18ª edição do Niterói em Cena, além de acumular indicações nas categorias Melhor Direção, Prêmio Especial e Júri Popular no Festival Os Ciclomáticos.
Ao imaginar a cidade arrasada pelas consequências do aquecimento global, a peça revela como as desigualdades sociais amplificam os impactos ambientais, atingindo as populações periféricas. "Elas são as que mais sofrem os impactos da crise climática e por isso são aquelas que mais sentem sua urgência, mesmo que, por vezes, não compreendam os motivos e as soluções", observa Mateus Amorim, ator e um dos criadores do coletivo.
"Aniversário Guanabara" nasce da necessidade de debater ecologia de forma popular, tornando acessível uma discussão frequentemente restrita a círculos especializados. "Falar de aquecimento global e suas consequências é contribuir para uma reflexão que é antes de tudo social", comenta o diretor Reinaldo Dutra.
Mais do que denunciar, o espetáculo busca apontar caminhos. A narrativa dialoga diretamente com a realidade da população fluminense, propondo que o reconhecimento dos problemas seja o primeiro passo para transformá-los. "Espero que o público entenda o espetáculo como uma forma de entretenimento e conscientização. Que não saiam pessimistas, mas esperançosos. Há uma fala desta peça que resume isso: 'Hoje é a nossa chance de fazer diferente'", deseja Mateus Amorim.
SERVIÇO
ANIVERSÁRIO GUANABARA
25/10, às 15h | Posto 2 do Aterro do Flamengo | Grátis