Ingressos para peça que marca retorno de Wagner Moura aos palcos esgotam-se em minutos e público se revolta
A venda de ingressos para "Um Julgamento", peça que marca o retorno de Wagner Moura ao teatro após 16 anos, gerou muita polêmica ao longo desta segunda-feira (13). Internautas relataram que, às 9h, horário programado para o início das vendas no portal do CCBB-RJ, não havia assentos disponíveis para nenhuma sessão. Muitos fãs expressaram frustração nas redes sociais, afirmando que os ingressos se esgotaram em questão de segundos, levantando questionamentos sobre a transparência e eficiência do processo de venda. A situação gerou desconfiança entre o público, que passou a questionar se realmente houve disponibilidade de ingressos no horário anunciado ou se problemas técnicos comprometeram o acesso democrático aos bilhetes.
"Um Julgamento" é uma adaptação da peça "Um Inimigo do Povo", do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. O espetáculo estreou em Salvador, cidade natal de Moura, em 3 de outubro, no Trapiche Barnabé, marcando o aguardado retorno do ator - hoje um astro dos cinemas - aos palcos. A montagem, dirigida por Christiane Jatahy e com texto de Lucas Paraizo, revisita o clássico de Ibsen, atualizando dilemas políticos, sociais e éticos que permanecem urgentes. Na trama, Thomas Stockmann, vivido por Moura, denuncia que as águas do balneário de sua cidade estão contaminadas, enfrentando um julgamento público para provar que não é um "inimigo do povo".
Christiane Jatahy, uma das mais respeitadas encenadoras da cena teatral contemporânea brasileira, propõe uma releitura audaciosa do texto ibseniano, escrito originalmente em 1882. Reconhecida por suas experimentações cênicas que frequentemente rompem a quarta parede e questionam as convenções teatrais tradicionais, Jatahy encontrou em Ibsen o material perfeito para explorar questões urgentes sobre verdade, poder e responsabilidade social. A diretora introduz um elemento inovador ao original: a plateia é convocada a participar ativamente do espetáculo, funcionando como um júri popular que deve decidir o destino de Stockmann.
O elenco conta ainda com Danilo Grangheia, Julia Bernat e Lucas Paraizo, formando um quarteto que dá vida a uma trama que ressoa de forma particular no contexto político brasileiro atual. A história acompanha o médico Thomas Stockmann, que se vê transformado em pária social após denunciar publicamente a contaminação das águas termais de um balneário, principal fonte de renda de sua cidade. A denúncia, baseada em evidências científicas irrefutáveis, coloca em xeque não apenas interesses econômicos, mas toda a estrutura de poder local.
Cada encenação torna-se um um evento único, pois o público deixa de ser mero espectador para se tornar parte integrante da narrativa sob a condição de júri.