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Entre sustos e risadas: Clube em Cena encerra temporada de esquetes improvisados da série 'Comédia Trash de Terror'

O grupo de 55 artistas é dividido em equipes sorteadas que têm um prazo reduzido para criar e encenar cinco cenas diferentes por apresentação | Foto: Felipe O'Neil/Divulgação

Termina nesta quarta-feira (30), no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, a oitava edição do Clube da Cena, projeto que há dezesseis anos mexe com a cena teatral carioca ao propor a encenação de um espetáculo diferente a cada semana. Desta vez, o coletivo idealizado pela atriz, autora e diretora Cristina Fagundes mergulhou no universo da "Comédia Trash de Terror", explorando a tensão entre o riso e o medo em apresentações únicas e que nunca se repetem.

A experiência nasceu em 2008 neste mesmo palco e já produziu mais de 300 esquetes ao longo de sua trajetória, consolidando-se como uma verdadeira usina de criação dramatúrgica. São ao todo 55 artistas - entre atores, autores, músicos e diretores - numa dinâmica de trabalho com ares de ginacana na qual as equipes sorteadas têm apenas uma semana de prazo para conceber, ensaiar e apresentar cinco cenas inéditas.

"São cenas inéditas com apresentações únicas. Quem viu, viu, quem não viu, não vai ver mais. Essa experiência de juntar comédia e terror é muito irreverente e efervescente porque a comédia pressupõe que não pode haver dor, já o terror é justamente o contrário", comenta Cristina Fagundes, que assina a direção geral ao lado de nomes como Wendell Bendelack, Cadu Fávero, Carmen Frenzel e Luiz Carlos Nem. A dramaturgia conta com textos de autores como Regiana Antonini e Claudio Torres Gonzaga, entre outros.

 

Macaque in the trees
Os dramaturgos trabalham com restrições de palavras, entregando textos que entram imediatamente em processo de montagem | Foto: Felipe O'Neill/Divulgação

O processo criativo funciona como uma maratona artística onde os limites temporais e de recursos estimulam a inventividade. Os dramaturgos trabalham com restrições de palavras, entregando textos que imediatamente entram em processo de montagem. Em seguida, atores decoram, diretores ensaiam e a equipe técnica ajusta luz e som, tudo em ritmo acelerado para que o espetáculo esteja pronto na data marcada.

Para esta temporada dedicada ao terror cômico, a produção investiu em elementos visuais que prometem surpreender o público. "Foi um festival de maldições, monstros, sustos, gritos, teias de aranha, cenários mal assombrados, ruídos estranhos e, é claro, muitas risadas", avalia Cristina.

A caracterização ganhou reforço especial com a contratação do visagista Alex Palmeira, responsável por transformar os atores em criaturas que vão de lobisomens a vampiros, passando por bruxas e assombrações diversas. A diretora brinca com a atmosfera criada em cena. "Acho que o Gláucio Gill vai ficar até assombrado depois dessa nossa passagem por lá. Depois do fantasma da ópera, agora vai ter o fantasma do teatro, em Copacabana", diverte-se.

A irreverência marca não apenas o conteúdo das peças, mas também a abordagem do coletivo, que ao longo dos anos explorou estímulos criativos variados - de manchetes de jornal a postagens em redes sociais, de cômodos domésticos a ditados populares.