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Morte, vida e resistência em 'Ninguém Me Ensinou a Morrer'

O espetáculo gira em torno da sensação de insegurança vivida por jovens da periferia | Foto: Any Duarte/Divulgação

A violência policial nas favelas brasileiras ganha contornos teatrais em "Ninguém me Ensinou a Morrer", espetáculo que estreia no Teatro Firjan Sesi Jacarepaguá. A montagem, que já conquistou 12 premiações em festivais nacionais e internacionais, propõe uma reflexão urgente sobre os direitos humanos de crianças e adolescentes das periferias urbanas através de uma narrativa que entrelaça vida, morte e resistência.

Sob a direção de Vilma Melo, o grupo teatral do Centro de Artes Calouste Gulbenkian, na Praça Onze, apresenta uma encenação que desafia convenções estéticas tradicionais. Para a diretora, que também atua como professora de teatro, o objetivo da obra é um chamado à ação concreta e urgente.

"O maior objetivo desta peça é inspirar ações concretas em prol da justiça social, da equidade e do respeito à dignidade humana, visando construir um futuro onde todas as crianças e adolescentes tenham a oportunidade de crescer em um ambiente livre de violência, discriminação e exclusão", explica.

A dramaturgia se estrutura em três níveis narrativos que percorrem a existência nas favelas, tendo como ponto de partida uma megaoperação policial que ameaça interromper sonhos e vínculos afetivos dos jovens protagonistas. O espetáculo constrói sua linguagem cênica através de movimentos e camadas de dor, resistência e esperança que marcam corpos atravessados pela marginalização social e pela violência estrutural.

A força dramatúrgica reside na pergunta que ecoa como ferida aberta ao longo da encenação: "alguém aí já te ensinou a morrer?". Esta questão atravessa a narrativa de jovens que enfrentam a incerteza de sobreviver a mais uma noite diante da violência que atinge especificamente corpos negros e periféricos.

SERVIÇO

NINGUÉM ME ENSINOU A MORRER

Teatro Firjan Sesi Jacarepaguá (Av. Geremário Dantas, 940 - Freguesia)

De 26/7 a 3/8, sábados (19h) e domingos (17h) | Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)