Quase seis décadas após sua estreia em um pequeno teatro off-Broadway, "Hair" retorna ao Brasil para provar que sua mensagem de amor, paz e liberdade permanece atual. O musical que se tornou símbolo máximo do movimento hippie e marco da contracultura dos anos 1960 - o chamado Flower Power - ressurge nos palcos brasileiros sob a direção da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho.
A montagem brasileira, que estreia nesta sexta-feira (4) no Teatro Riachuelo, reúne trinta atores para dar vida às canções que transcenderam o teatro e se tornaram hinos geracionais. Clássicos como "Aquarius" e "Let the Sunshine In" voltam a ecoar em uma produção que promete resgatar toda a energia revolucionária da obra original de Gerome Ragni, James Rado e Galt MacDermot.
O elenco principal traz Rodrigo Simas no papel de Berger e Eduardo Borelli como Claude, os jovens que personificam o dilema entre os ideais pacifistas e as pressões da sociedade conservadora. Completam o núcleo central Estrela Blanco (Sheila), Thati Lopes (Jeannie), Drayson Menezes (Hud) e Giovanna Rangel (Crissy), entre outros. Um terço dos intérpretes foi selecionado em audições abertas que atraíram milhares de candidatos de todo o país no início do ano.
A história de "Hair" reflete um momento único da história mundial. Criado entre 1964 e 1967, período em que Ragni e Rado absorveram as transformações sociais em curso, o musical emergiu como resposta artística aos conflitos raciais, à Guerra do Vietnã e à busca por novos valores. MacDermot, que se juntou ao projeto no final de 1966, compôs em apenas três meses uma trilha sonora que capturou o espírito do rock psicodélico e da juventude contestadora da época.
Não demoraria para que o espetáculo despontasse como manifesto de uma geração que questionava padrões estabelecidos e defendia o amor livre, a experimentação e a não-violência. O musical quebrou tabus ao abordar temas como drogas, sexualidade e resistência ao serviço militar obrigatório.
Após a estreia nova-iorquina, "Hair" conquistou palcos mundiais, gerou filme homônimo e influenciou gerações de artistas e ativistas. Para os diretores Möeller e Botelho, veteranos em adaptações de musicais internacionais, "Hair" representa oportunidade de revisitar temas que permanecem atuais. Em época de polarização política e questionamentos sobre liberdades individuais, a mensagem do texto ainda ecoa entre nós.
SERVIÇO
HAIR
Teatro Riachuelo (Rua do passeio, 38)
De 4/7 21/9, às quintas e sextas (20h), sábados (16h e 20h) e domingos (15h)
Ingressos entre R$ 50 e R$ 25 (meia) e R$ 300 e R$ 150 (meia)