Por Cláudia Chaves |Especial para o Correio da Manhã
Falar de Eduardo de Souza Barata é falar de gente que faz, que enfrenta, que realiza, que vence qualquer obstáculo — desde que se trate do bem comum. O bem comum pode ser uma plateia satisfeita, um artista desempregado que precisa de socorro ou uma classe desassistida pelas políticas públicas.
Falar de Eduardo Barata é falar de paixão, entrega e visão no mundo das artes. Poucos nomes no cenário cultural brasileiro inspiram tanta confiança e admiração quanto o seu. Eduardo — ou simplesmente Barata, como o chamam os amigos e até quem não o conhece de perto — é capaz de não desistir e de levantar recursos onde se imagina não haver. Sua dedicação não se limita aos holofotes; ela está presente na luta constante por políticas culturais justas, pela valorização dos profissionais do setor e pela promoção da cultura como um direito fundamental.
O portal da Câmara dos Deputados destaca que, durante a pandemia, como presidente da Associação dos Produtores de Teatro (APTR), Barata liderou diversas iniciativas para apoiar os profissionais das artes cênicas e manter a cultura viva em tempos desafiadores. Mobilizou-se rapidamente, reunindo-se com autoridades para pleitear medidas de apoio ao setor. Uma das primeiras conquistas foi o decreto que impediu o corte de serviços essenciais, como água, luz e telefone, nos espaços de arte. Além disso, a APTR lançou um programa de auxílio emergencial que beneficiou cerca de 1.200 trabalhadores com vales-refeição mensais de R$ 500, financiado por doações que ultrapassaram R$ 450 mil.
Por essas e muitas outras ações, Barata, representando a APTR, recebeu a Ordem do Mérito Cultural (OMC), entregue pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pela ministra da Cultura, Margareth Menezes. Essa é a maior honraria pública do setor cultural brasileiro, concedida a personalidades e instituições que contribuem para o desenvolvimento da cultura e para a valorização da diversidade cultural do país.
Sua carreira começou há tempos, ainda como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade da Cidade, onde concluiu brilhantemente o curso de Jornalismo, organizando eventos e promovendo seminários. Mais tarde, participou como produtor do sucesso "O Mistério de Irma Vap", tornando-se o "anjo da guarda" de Ney Latorraca e Marco Nanini.
A partir daí, Barata tornou-se assessor de imprensa, divulgando mais de 100 peças com os maiores artistas do teatro brasileiro. Nomeie qualquer um deles, e Barata certamente já trabalhou junto. Atualmente, dedica-se a um dos mais importantes projetos da história do teatro brasileiro: reunir Renato Borghi e Amir Haddad — dois pilares do nosso teatro — no palco pela primeira vez.
Com produção, direção e roteiro de Barata, "Haddad e Borghi: Cantam o Teatro, Livres em Cena" tem como espinha dorsal a liberdade criativa de Amir e Renato, fundadores do Teatro Oficina ao lado de Zé Celso Martinez Corrêa. "Construímos e desconstruímos, desafiando as perspectivas do espaço cênico. Nossa ideia é narrar, cantar e apresentar ao público um panorama com recortes da cena nacional pelos olhos de dois homens de teatro — dois operários, trabalhadores, contemporâneos, pensadores das artes — que não separam vida e teatro, teatro e vida", explica Barata.
O espetáculo, com a qualidade característica das produções de Barata, reúne no palco Haddad, Borghi e um elenco composto por Débora Duboc, Duda Barata, Élcio Nogueira Seixas e Máximo Cutri. Com referências ao universo artístico dos dois homenageados — Hélio Oiticica e Lygia Clark —, os ótimos figurinos de Rute Alves e o belo cenário de Rostand Albuquerque se juntam ao melhor do cancioneiro nacional, executado pelo Trio Júlio.
O teatro é, desde sempre, um espaço de encontro, reflexão e resistência. Mais do que uma forma de arte, é um espelho da sociedade, um palco onde se revelam as emoções humanas, os conflitos sociais e as possibilidades de transformação. Ao unir palavra, corpo e presença, o teatro emociona, provoca e inspira, mantendo-se essencial mesmo em tempos de crise. Como destacou Eduardo Barata: "O teatro é o lugar onde a humanidade se reconhece e se transforma."
SERVIÇO
HADDAD E BORGHI: CANTAM O TEATRO LIVRES EM CENA
Teatro Adolpho Bloch (Rua do Russel, 804, Glória) Até 11/6, de quinta a domingos (19h)
Ingressos entre R$ 40 e R$ 150