Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

CRÍTICA / TEATRO / MEU CARO AMIGO: Prazer, sou a Norma!

Kelzy Ecard dá vida à Norma, que se diz a maior fã de Chico | Foto: Renato Mangolim/Divulgação

Nunca houve na história desse país, um pessoa que, na adolescência, não desenvolvesse uma paixão eterna. Um colega de escola, um professor, um primo, um ídolo. A história de Norma é a história de sua paixão por Chico Buarque, inalterada desde os 10 anos. Aparentemente simples, a história do monólogo musical "Meu caro amigo" traz Kelzy Ecard em uma atuação que vai além da paixonite.

Comecemos pelo texto de Felipe Barenco que mostra um painel emocionante da vida de uma geração, os baby boomers (aqueles que disseram não ao não nas décadas durante a ditadura e pós) dividida entre a liberdade, as famílias preconceituosas da pequena burguesia, os novo modelos de relacionamento. A cereja do bolo é um salve amizade entre as amigas de Norma que levaram um fã clube de Chico, desde a infância.

Kelzy encarna Norma, a menina que, ao ver na televisão o jovem artista de smoking, é tomada de um sentimento que lhe enche o coração, a mente. Norma é professora de história, uma profissão emblemática, daquelas que passam despercebidas, invisíveis, mas que se tornam grandiosas quando contam a história, pois desvendam os fatos cheios de emoções.

Kelzy é uma contadora, acolhedora, que modula da paixão, dos seus relacionamentos amorosos, dos seus encontros desencontrados nas canções de Chico que servem de cenário para o significado para os fatos diários. Dos mais prosaicos aos mais importantes. Esse segundo nível de sentido é da engenhosidade do texto mas que encontra em Kelzy a vocalização perfeita.

Agora, quando Kelzy canta é arrebatador. Enche as canções com uma voz afinada, modulada que consegue fazer com que todos cantarolem baixinho as suas próprias lembranças.

Imagine o efeito da encenação em pessoas que são Norma. Meu filho se chama Chico. Adivinhe porquê.

SERVIÇO

MEU CARO AMIGO

Teatro Firjan Sesi Centro (Av. Graça Aranha, 1)

Até 25/2, segundas e terças (19h)

Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)