Por: Affonso Nunes

A cosmovisão indígena vai à ópera

Solistas e orquestra durante ensaio no Teatro da Paz, em Belém | Foto: Alexandra Tavares/Divulgação

Criação de Paulo Coelho, Gilberto Gil e Aldo Brizzi, montagem de 'I-Juca Pirama' fará sua estreia mundial em Belém durante a COP30 

A ópera I-Juca Pirama fará sua estreia mundial no Theatro da Paz, em Belém, entre 10 e 12 de novembro, encerrando o XXIV Festival de Ópera da casa justamente quando a cidade
recebe a COP30. A obra, com libreto de Paulo Coelho e música de Gilberto Gil em parceria com o maestro italiano Aldo Brizzi, é um diáloga da tradição operística europeia com a
cosmovisão dos povos originários da Amazônia.

Com 75 minutos de duração, o espetáculo reúne solistas e coro do Núcleo de Ópera da Bahia, o Coro Carlos Gomes de Belém, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz e o grupo indígena do Povo Huni Kuin, do Acre. Cantada em português, a montagem articula canto lírico, dança, projeções audiovisuais e rituais de matriz indígena, numa narrativa
que entrelaça ancestralidade, ecologia e espiritualidade.

Os figurinos, assinados pelo xamã e artista plástico Tukano Bu’ú Kennedy, foram confeccionados por artesãos indígenas com fibras e pigmentos naturais. A renda da estreia será destinada ao povo indígena da Vila Dom Bosco, no Alto Rio Negro, em apoio à educação intercultural e à preservação de línguas e saberes ancestrais.