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Usina nuclear Angra 2 inicia parada a partir de janeiro do ano que vem

Por Redação

A Eletronuclear, que opera as usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra, com as obras paralisadas atualmente, deve concluir até meados deste mês o recebimento de combustível combustível nuclear que será utilizado na próxima parada programada da Usina Angra 2, prevista para começar em 16 de janeiro de 2026. A 21ª Parada Programada de Angra 2 terá duração aproximada de 50 dias, estendendo-se até 6 de março de 2026.

Os elementos combustíveis são fornecidos pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), com unidade em Resende-RJ, mas o transporte é de responsabilidade da Eletronuclear. O cronograma prevê dois carregamentos por semana. O quarto dos sete lotes de combustível foram enviados ao complexo nuclear entre os dias 2 e 5 de dezembro.

De acordo com a área de Combustível Nuclear da empresa, serão substituídos 56 elementos combustíveis, o que corresponde a cerca de 30% do núcleo do reator, garantindo a continuidade da operação segura e eficiente da usina no próximo ciclo.

Durante esse período, serão realizadas cerca de 5 mil atividades de manutenção, inspeções e testes, seguindo padrões internacionais de segurança. Entre os trabalhos previstos, destacam-se a recarga parcial do núcleo do reator, inspeções estruturais de equipamentos importantes e revisões em sistemas essenciais para a geração de energia.

A execução dessas ações é fundamental para assegurar a confiabilidade da usina, que desempenha papel estratégico no fornecimento de energia ao país. As paradas programadas fazem parte da rotina do setor nuclear em todo o mundo e no caso brasileiro reforçam o compromisso da Eletronuclear com a segurança, a transparência e a excelência operacional.

Como é feito o transporte

Todo o processo de transporte do combustível de Resende para Angra dos Reis é de responsabilidade da Eletronuclear, sendo o planejamento licenciado pela CNEN e pelo Ibama. O comboio rodoviário, que conta com o apoio logístico do Corpo de Bombeiros e das Polícias Rodoviária Federal e Estadual, é acompanhado por batedores dessas corporações durante todo o percurso. O trajeto de 175 quilômetros é percorrido com toda a segurança a uma velocidade máxima estabelecida de 60 km/h.

Os contêineres, em que são transportados os elementos combustíveis, são projetados, testados e fabricados obedecendo a normas nacionais e internacionais aplicáveis a embalados para transporte de materiais radioativos. São equipados com registradores de impacto e de aceleração que indicam qualquer alteração durante o transporte. Presos com firmeza no interior da embalagem denominada berço, os elementos combustíveis, já na posição horizontal, recebem dois lacres de inspeção final das áreas de Fabricação, Radioproteção e de Controle da Qualidade da INB. Depois disso, os contêineres com os combustíveis são colocados em caminhões e levados até Angra dos Reis.

Estes contêineres especiais são projetados para resistir, entre outras condições, a uma queda livre de uma altura de cerca de nove metros e a uma temperatura de 800ºC durante duas horas, sem provocar qualquer dano ao produto.

Operação iniciada na década de 80

A primeira usina nuclear brasileira entrou em operação comercial em 1985. Angra 1 gera energia suficiente para suprir uma cidade de 2 milhões de habitantes. Nos primeiros anos de sua operação, Angra 1 enfrentou problemas com alguns equipamentos que prejudicaram o funcionamento da usina. Essas questões foram sanadas em meados da década de 1990, fazendo com que a unidade passasse a operar com padrões de desempenho compatíveis com a prática internacional. Em 2023, Angra 1 bateu o recorde de maior geração de energia em um mês de toda a sua história.

A usina foi adquirida da americana Westinghouse, como um pacote fechado, que não previa transferência de tecnologia por parte dos fornecedores. No entanto, a Eletronuclear vem acumulando experiências ao longo dos anos de operação comercial, com indicadores de eficiência que superam os de muitas usinas similares.