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Parada LGBTQIA corre risco de não acontecer em VR

O evento é realizado em Volta Redonda desde 2013, chegando a sua 11° edição em 2025 | Foto: Arquivo - Volta Redonda Sem Homofobia

Por Lanna Silveira

A 11ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA de Volta Redonda, que está prevista para acontecer no dia 14 de setembro, no Beco do Arigó, localizado na Vila Santa Cecília, corre o risco de ser cancelada neste ano. Apesar de ser um dos eventos mais simbólicos da comunidade LGBTQIA local, sendo organizado pela ONG Volta Redonda Sem Homofobia, o valor necessário de patrocínio para viabilizar a realização do evento ainda não foi captado.

Segundo a organização, foram tentados editais, vaquinhas online e conversas com estabelecimentos frequentados pelo público LGBTQIA na busca por apoiadores, mas as negociações não avançaram. A equipe informa que a mudança de localidade do evento, da Ilha São João para as ruas, fez o número de apoiadores decair de 20 para cinco.

A ONG ressalta, ainda, a importância do auxílio do Centro Cultural da Fundação CSN e da Secretaria Municipal de Cultura para garantir a estrutura necessária para a realização do evento neste ano. "Isso mostra que, mesmo em tempos difíceis, seguimos resistindo e reafirmando a importância da Parada para a cidade", destaca a equipe.

Planejamento e importância

A Parada LGBTQIA é promovida em Volta Redonda desde 2013. Para Natã Teixeira Amorim, um dos fundadores do Volta Redonda Sem Homofobia, chegar a uma 11° edição representa uma grande conquista para a causa, demonstrando a força da luta da comunidade. "É mostrar que a diversidade existe, que temos voz e espaço, e que continuar lutando por direitos e respeito é essencial, mesmo diante das dificuldades locais", explica.

Ele acrescenta que o engajamento do público com o evento cresce a cada ano, atraindo não somente pessoas LGBTQIA , como também famílias, amigos e artistas locais que se consideram aliados da causa e querem agregar à celebração.

Parte do público fiel da Parada celebrou a volta do evento "às ruas", com a escolha do Beco do Arigó como a sede desta edição. Natã explica que a mudança de espaço foi pensada para aproximar o evento da comunidade, utilizando um local que tem se tornado referência para a arte, música e diversidade de Volta Redonda.

— O Beco do Arigó traz uma atmosfera mais intimista e acolhedora, permitindo maior interação entre público e artistas, e reforça a ideia de protagonismo local que é central na nossa Parada. Além disso, o local representa resistência e cultura urbana, alinhando-se perfeitamente à nossa proposta de celebrar a diversidade e fortalecer a cena artística da região — complementa.

O tema pretendido para essa edição é "Nada de nós, sem nós", pensado pela organização para reforçar que a comunidade precisa ter autonomia na tomada de decisões que afeta a vida de seus membros. Natã garante que isso se refletiu em vários pontos da organização do evento, como apresentações, ações de prevenção e atividades culturais. "Tudo reflete essa ideia de protagonismo e de que não aceitaremos ser silenciados", complementa.

As atrações musicais deste ano, por exemplo, foram selecionadas para evidenciar os artistas locais e da região. Mesmo com a insegurança sobre a realização, todos os artistas que participarão do evento já foram divulgados: no palco, o público assistirá a performances de artistas em ascensão na comunidade, como PK Lopes, Isa Danielly e Makaiylla. A discotecagem ficará por conta dos DJs Ashlley Lizi, Chris Mores, Gustavo Castro e Genesttra, além do Coletivo Swave - que organiza um dos eventos mais populares entre a comunidade LGBTQIA local-, representado pelos DJs Harajuice e Mau Senna. O evento ainda receberá a cobertura do podcast 'Pode Tudo', com Danny Olliver.

— É uma programação pensada para valorizar os artistas locais e oferecer uma experiência diversa e cheia de energia para o público. A Parada é também um palco de visibilidade, onde damos destaque e divulgação ao trabalho desses talentos que fortalecem a cultura e representam a diversidade da nossa cidade — frisa o organizador.

Natã afirma que o sentimento da equipe com a possibilidade de cancelamento desta edição da Parada é de preocupação de apreensão, já que todas as medidas e contratações necessárias para a realização do evento já foram fechadas. Ele enfatiza, ainda, a importância do apoio de marcas locais em eventos que contribuam com a resistência e visibilidade da comunidade LGBTQIA interiorana.

— Já temos os ambulantes cadastrados e todas as autorizações junto aos órgãos competentes, ou seja, o evento está pronto para acontecer. No entanto, a realização depende do apoio de empresas e estabelecimentos locais. Esse apoio é fundamental não apenas para viabilizar financeiramente a Parada, mas também como demonstração de solidariedade e reconhecimento da diversidade da nossa cidade — conclui.