Por Lanna Silveira
O organizador do Capivale, Kaio Filipe, explica que a ideia de promover o evento surgiu com a aprovação de um projeto pessoal na Lei Paulo Gustavo, que tinha como contraproposta social a promoção de quatro shows gratuitos em bairros periféricos de Barra do Piraí. Todo o processo de curadoria artística do festival, que prioriza a contratação de artistas que representem a cultura negra e periférica, reflete a vontade de Kaio de trazer essas manifestações artísticas para o epicentro cultural local, por meio de um evento popular que, por ser gratuito, permite o acesso de todos os públicos à cultura. "Na dinâmica do mercado, só é consumido o que é dos interesses dos proprietários dos meios de produção/circulação cultural e fica de lado a cultura periférica e tradicional. Meu objetivo enquanto produtor cultural é contrariar essa lógica mesmo".
Kaio complementa dizendo que, nas primeiras edições do festival, foi difícil fechar com um espaço que aceitasse receber o público-alvo do Capivale.
- Foi uma sequência de negativas que tinham como base argumentativa o racismo e o classismo: 'Ah samba e pagode de graça? É claro que vai dar briga. A gente não vai fazer aqui'. Aqui em Barra encontramos no Brasil Futebol Clube a receptividade que a cultura negra merece - relata.
Além da valorização de culturas invisibilizadas, a seleção dos artistas da programação musical tem o objetivo de criar uma conexão entre artistas de diferentes cidades da região - priorizando, ainda, os artistas de Barra do Piraí. "Eu, enquanto produtor cultural que também é artista, penso que esse é o cenário ideal para meu som ecoar. É aquilo: se não tem cena musical que te caiba no seu território, crie-a", conclui.