Por: Da redação

Desembargador do TRF é preso pela Polícia Federal no Rio

A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (16) o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, na segunda fase da Operação Unha e Carne. A investigação apura o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun, que teve como alvo o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, o TH Joias, suspeito de ligação com o Comando Vermelho. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ADPF 635 (ADPF das Favelas), que trata da apuração de conexões entre grupos criminosos e agentes públicos no Rio.

Relator do processo contra TH Joias, Macário Júdice é investigado por supostamente ter repassado dados reservados a investigados. Entre os indícios reunidos, a Polícia Federal aponta um encontro em um restaurante, no qual o magistrado estaria acompanhado do então presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar. Na ocasião, segundo o G1, Bacellar teria feito contato telefônico para alertar sobre a prisão iminente do ex-parlamentar.

Além da prisão preventiva, a operação cumpriu dez mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, estados sob jurisdição do TRF-2. O desembargador foi conduzido à superintendência da PF no Rio, onde permanece detido. O avanço das investigações ocorreu após a análise de mensagens e arquivos extraídos do celular de Bacellar, apreendido na primeira fase da Unha e Carne, deflagrada no início de dezembro.

Na etapa anterior, Bacellar chegou a ser preso, mas teve a detenção revogada pelo plenário da Assembleia Legislativa, conforme previsão constitucional. Apesar da soltura, o deputado permanece afastado da presidência da Casa e cumpre medidas cautelares impostas pelo STF, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar, proibição de contato com outros investigados, suspensão do porte de arma e entrega do passaporte.

Em nota, a defesa de Macário Júdice afirmou que pedirá a soltura imediata do magistrado. O advogado Fernando Augusto Fernandes sustenta que não teve acesso à decisão que decretou a prisão e afirma que o ministro Alexandre de Moraes teria sido induzido a erro. Segundo a defesa, nada de irregular foi encontrado durante as buscas.

Também em nota, a defesa de Rodrigo Bacellar declarou que o parlamentar sempre colaborou com as autoridades, prestou esclarecimentos e cumpre integralmente as determinações judiciais. O texto afirma que ele não atuou para obstruir investigações e que sua inocência será comprovada no curso do processo. As apurações seguem em andamento.