O Rio sedia a Primeira Cúpula Popular do Brics até a próxima quinta-feira (4), se tornando palco da diplomacia do Sul Global. O evento reúne representantes de 21 países com o objetivo de promover uma maior inclusão da sociedade civil nos debates e decisões do grupo. A meta é aproximar movimentos sociais e populares do bloco, estabelecendo diálogos diretos com os chefes de Estado para o desenvolvimento de propostas de cooperação entre os povos.
A abertura oficial ocorreu nesta segunda-feira (1º), no Armazém da Utopia, na Zona Central carioca. Ao longo dos quatro dias, a Cúpula deve atrair cerca de 150 convidados. Entre as autoridades presentes nas discussões estão o sherpa do Brasil no Brics, Maurício Lyrio, e o subsecretário de Finanças Internacionais e Cooperação Econômica do Ministério da Fazenda, Antônio Freitas. Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), participa virtualmente dos painéis.
A programação aborda temas estratégicos: o multilateralismo, a reconfiguração da geopolítica mundial, desafios de governança global e atuação do Brics na redução da dependência dos países em desenvolvimento ao dólar americano em transações internacionais.
O analista político Marcos Fernandes, integrante do conselho do evento, destacou a importância de levar o debate macroeconômico às necessidades básicas. Para ele, as discussões ajudarão a enfrentar desafios mais urgentes das populações, como a falta de moradia, o acesso à saneamento básico e água potável, além de propostas para redução da fome.
Atualmente, o Brasil lidera o grupo de articulação político-diplomática do Sul-Global, com 11 membros plenos com poder de voto (África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia) e dez parceiros estratégicos (Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã). A Cúpula marca o encerramento do ciclo de liderança brasileira, já que a Índia assume a presidência do grupo a partir de 2026.