Por: Redação

Espetáculo 'DeNegrir' gera reflexão sobre racismo estrutural na linguagem

Projeto tem apoio do Ministério da Cultura e Gov do RJ | Foto: Divulgação/DeNegrir

Até 30 de novembro, circula pelo Rio de Janeiro o espetáculo 'DeNegrir', obra multilinguística que transforma expressões de uso comum, como “denegrir”, “criado-mudo” e “fazer nas coxas”, em ponto de partida para discutir o racismo presente na língua portuguesa. A montagem se destaca como uma das programações mais relevantes desta semana na agenda cultural da capital carioca.

A principal apresentação ocorre neste sábado (22), às 18h, na Areninha Cultural Herbert Vianna, na Maré, com entrada gratuita. Depois, o espetáculo segue para o Teatro Cacilda Becker, no Catete, nos dias 28 e 29 (19h) e 30 (18h). A programação é voltada para o público a partir de 16 anos.

Idealizado e dirigido por Salasar Junior, que estreia como solista, o trabalho combina dança, teatro, poesia, videografismo e Libras, guiado por uma estética afro-diaspórica que une denúncia e celebração.

“A provocação começa pelo título”, afirma Salasar. “Em muitos dicionários, ‘denegrir’ é associado a algo negativo, quando significa ‘tornar negro’. Isso revela como a sociedade ainda opera com pilares racistas, inclusive na linguagem”, explica.

Contribuição negra na construção do Brasil

A montagem também propõe o reconhecimento da memória e da contribuição negra para o país. Diretor teatral da peça, Fábio França reforça essa perspectiva: “O povo negro não inventou o racismo, mas todos os dias precisa lutar contra ele. Ser negro é ser parte fundamental da ciência, da cultura, da política e de todos os campos da vida”.

Além de questionar termos naturalizados no cotidiano, “DeNegrir” presta homenagem a figuras marcantes da arte e da luta antirracista, como Abdias do Nascimento, Zezé Motta, Hilton Cobra e Grace Passô.

A circulação integra a Política Nacional Aldir Blanc e reúne uma extensa equipe de criação para compor uma experiência sensorial que tensiona e, ao mesmo tempo, cura. O resultado é um espetáculo que convida o público a repensar hábitos linguísticos e a encarar a linguagem como ferramenta de poder.