Os olhos do mundo na pré-COP30 se voltam para o Rio de Janeiro, que nesta semana, reúne uma série de eventos internacionais voltados para a agenda climática. Nesta segunda-feira (3), no Museu de Arte Moderna, o prefeito Eduardo Paes (PSD) participou da abertura da "Cúpula Mundial de Prefeitos da C40", que celebra 20 anos, unindo 100 representantes de diferentes cidades do mundo que promovem a integração e o compartilhamento de experiências para conter o avanço das mudanças climáticas.
Além de Eduardo Paes, discursaram na plenária "Cidades Exercendo Liderança Global pelo Clima" o prefeito de Londres, Sadiq Khan, a prefeita de Freetown, Yvonne Aki-Sawyerr, e o diretor executivo da C40, Mark Watts.
"Ao longo dos próximos dias, mostraremos como as lideranças locais estão alcançando resultados concretos na luta contra as mudanças climáticas e tudo o que temos para entregar no próximo ano. Também vamos deixar claro que precisamos ser ouvidos, e que governos subnacionais sejam incluídos como verdadeiros parceiros nas discussões das COPs", declarou Paes.
A Cúpula Mundial de Prefeitos da C40 busca ampliar a visibilidade das cidades na liderança de soluções para a crise climática. Por meio do Fórum de Líderes Locais, os governantes esperam impulsionar a mobilização de recursos e fortalecer parcerias internacionais.
"Vinte anos depois da criação da C40, nossas cidades estão reduzindo as emissões mais rapidamente do que os governos nacionais e mostrando que o progresso é possível", afirmou Sadiq Khan, que também é co-presidente da C40.
Até quarta-feira (5), cerca de 300 prefeitos, autoridades e especialistas debaterão os desafios climáticos, com foco em financiamento, resiliência urbana e projetos de adaptação. O C40 tem como meta reduzir em 50% as emissões de gases poluentes até 2030 e limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC, seguindo o Acordo de Paris.
"Inundações, insegurança alimentar e calor mortal não são riscos futuros. Para muitas cidades, especialmente no sul global, essa é a nossa realidade hoje. É por isso que não podemos esperar pela mudança, devemos promovê-la nós mesmos. As ações climáticas que serão apresentadas nestes dois dias e lançamentos de projetos vão demonstrar o que é possível fazer quando as cidades lideram e as comunidades locais são capacitadas para agir", pontuou Yvonne Aki-Sawyerr, prefeita de Freetown, África do Sul, e atual co-presidente da C40.
A prefeita também destacou que a crise climática é ainda mais severa em locais marcados pela desigualdade, citando um dado alarmante: o calor extremo pode matar até 490 mil pessoas por ano. Um dos projetos de sustentabilidade de implementação mais simples é o plantio de árvores, já adotado por 33 das 40 cidades que compõem o grupo.
A Cúpula Mundial de Prefeitos da C40, realizada no Rio, integra o Fórum de Líderes Locais da COP30. Além do evento no Museu de Arte Moderna e no Vivo Rio, acontecem os "Diálogos Locais" e o "Earthshot Prize", premiação considerada o "Oscar da sustentabilidade" criada pelo príncipe William que reconhece líderes globais em ação climática.
Trump x América Latina
Nos bastidores, o Correio da Manhã apurou a avaliação de líderes sul-americanos sobre as recentes ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar de ter tirado o país do Acordo de Paris e ter alterado mais de 30 leis ambientais, 24 governadores dos EUA enfrentaram os obstáculos e criaram a "Aliança Climática dos EUA". Nesta segunda, na divulgação do relatório anual, os membros apontaram redução das emissões em 24% desde 2005, e aumento do PIB em 34%, impulsionando a adoção de energia limpa e tecnologias sustentáveis.
Para o secretário de Meio Ambiente de La Estrella, na Colômbia, Carlos Andrés Correa Mesa, as ações de Trump contra as medidas climáticas revelam uma estratégia de manipulação política e econômica.
"Donald Trump está tentando confundir a mensagem sobre as mudanças climáticas, além de estar minimizando os grandes problemas que causam destruições e prejuízos ao meio ambiente para continuar explorando os recursos naturais da América Latina, além de desvirtuar o assunto para seguir esgotando indiscriminadamente nossas riquezas naturais, o que é uma mensagem completamente fora da realidade. E muitas autoridades ainda não se atentaram à gravidade desse movimento", pontuou.
Príncipe William recebe chaves do Rio
Herdeiro do trono britânico, o príncipe William desembarcou no Rio de Janeiro para cumprir uma série de compromissos ligados à agenda ambiental global. Em uma cerimônia realizada no Pão de Açúcar, na Urca, Zona Sul, o prefeito Eduardo Paes entregou ao príncipe as chaves da cidade, em um gesto simbólico de boas-vindas à capital fluminense.
"Foi uma honra receber as chaves da cidade no icônico Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, antes de alguns dias empolgantes com o Earthshot Prize e o Programa United for Wildlife. Obrigado pela calorosa recepção, Prefeito Eduardo Paes", publicou o príncipe em suas redes sociais, destacando o entusiasmo com os eventos que irá acompanhar no país.
A visita do príncipe ao Rio foi cercada por fortes medidas de segurança, após discussões prévias sobre a situação da cidade. Segundo fontes próximas à organização, o tema teria sido abordado em uma conversa entre William e o prefeito Eduardo Paes, resultando em um esquema especial de proteção.
O herdeiro participará, na quarta-feira (5), da cerimônia de entrega do Earthshot Prize, que será realizada no Museu do Amanhã. Criada pelo próprio príncipe, a premiação é considerada uma das mais relevantes do mundo na área ambiental e reconhece cinco projetos inovadores voltados à sustentabilidade, com premiação de £1 milhão (cerca de R$ 6,5 milhões).
Com a presença do príncipe e a reunião de diversos líderes internacionais, o Rio de Janeiro reforça seu destaque no cenário global, reafirmando sua vocação como cidade aberta ao diálogo, à inovação e às ações em prol da justiça climática.