Por Marcello Sigwalt
Na hora da folia, o que menos se pensa é nos gastos. No entanto, quando se trata do 'negócio' escolas de samba, eles atingem cifras milionárias, o que suscita a pergunta que não quer calar: existe um limite para despesas, consumidas em apenas um dia?
Questionamentos à parte, o fato é que cada escola do Grupo Especial pode fazer jus à quantia de R$ 12 milhões, totalmente livres de impostos, distribuídos pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa). Auditoria de contas, nesse aspecto, nem é cogitada.
De qualquer modo, responder à essa pergunta, quando se trata do 'maior espetáculo da Terra', não é coisa fácil de fazer, mesmo levando em conta que um desfile de uma agremiação de elite pode atingir o montante astronômico de R$ 16 milhões ou mais, dependendo de seu porte e de sua capacidade de obter receitas, por meio de patrocínios culturais, 'mecenas ou ainda, fomento de governos.
É nesse ponto que se acirra o debate quanto à fixação de um teto de recursos por escola, como tentativa de evitar que aquela, mais 'aquinhoada' financeiramente, desequilibre e vença a disputa pelo título de a 'melhor do Carnaval'.
Estudos apontam que as agremiações mais ricas podem dispender até R$ 1 milhão na contratação de equipe de coreógrafos e bailarinos, tendo em vista conquistar a nota máxima dos jurados. Para se destacar entre as demais, há escolas que não hesitam em gastar R$ 60 mil em penas para a fantasia de sua porta-bandeira principal. Aqui, o que importa é 'fazer a diferença'.
Na visão do prefeito do Rio, Eduardo Paes, "no mundo ideal, as escolas deveriam nem ter subsídio e, sim, um modelo de negócios que as tornasse autossustentáveis. Mas não sei qual seria esse valor [do teto]". Atualmente, a Prefeitura do Rio repassa R$ 2,15 milhões para cada escola do Grupo Especial.
Outro exemplo clássico de 'opulência' material é o 'investimento' feito, para chamar a atenção do público, em fantasias de musas e rainhas de bateria. Segundo o estilista Alan Vieira, responsável pela confecção de 15 peças para diversas escolas para a edição de 2025, uma dessas fantasias pode custar até R$ 90 mil.
"O que encarece é quando a cliente pede aquelas bem luxuosas, com pedras da Swaroviski e penas verdadeiras", acrescentou Vieira.
Também alvo prioritário de gastos, a comissão de frente, normalmente composta por 15 integrantes, poderá contar com mais participantes, o que 'infla', ainda mais, os gastos para a apresentação da escola.