A declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira, 27, de que não pretende sair candidato em 2026 não mudou a disposição do seu partido de que ele concorra ao Senado por São Paulo.
Haddad afirmou em entrevista ao UOL que comunicou ao novo presidente do PT, Edinho Silva, que não pretende concorrer. E, de fato, comunicou isso. Mas o ministro não fechou as portas a um, pedido do presidente Luiz Inácio lula da Silva.
Tanto Lula como o PT continuam avaliando que o ministro é o melhor - se não o único - possível candidato com condições de enfrentar e vencer a eleição para o Senado pelo PT de São Paulo.
Em 2026, cada estado deverá eleger dois senadores. O PT indicaria uma das vagas e ficaria a outra vaga para algum partido aliado.
Haddad já esteve cotado para concorrer a vice na chapa pela reeleição do presidente Lula. Mas essa opção por uma dobradinha puro-sangue do PT é vista no partido e no governo como cada dia menos provável.
O atual vice-presidente, Geraldo Alckmin, caiu nas graças de Lula e até do PT depois do tarifaço contra o Brasil determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Alckmin, que acumula o Ministério do Desenvolvimento Econômico, articulou o movimento de empresários brasileiros e norte-americanos que conseguiu minimizar com exceções os estragos da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Antes figura apagada no governo, revelou-se um verdadeiro patrimônio para Lula como interlocutor do empresariado. O presidente da República tem dito que Alckmin vestiu com perfeição o figurino do vice-presidente dos primeiros mandatos do petista, o empresário José Alencar: discreto, eficiente e fiel.
Alckmin, sim, poderia ser um forte candidato ao Senado por São Paulo. Mas agora que sua posição como vice-presidente se consolidou, não há outra alternativa no horizonte do presidente Lula para o Senado por São Paulo tão competitiva quanto a do ministro da Fazenda.
Para Lula, a eleição de senadores em 2026 é "absolutamente prioritária" no enfrentamento do bolsonarismo. Daí a expectativa de que Lula acabará pedindo a Haddad que concorra.
O ex-presidente Jair Bolsonaro já declarou publicamente que sonha eleger uma maioria de senadores aliados na próxima legislatura.
O problema de Haddad é que ele não gostaria de abandonar o Ministério.
O PT, por sua vez, já levou em conta que a substituição do ministro da Fazenda seria boa para o partido. Daria um perfil mais à esquerda para o governo. Mas esse desejo também foi abandonado.
O recado que o PT deu ao ministro é de que, ele ficando, trará apoio para que sua vaga seja preenchida pelo atual secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan.
Trata-se do braço direito de Haddad, com quem já trabalhou na Prefeitura de São Paulo. Durigan tem comandado a pasta sempre que o ministro faz viagens mais longas ou tira férias.
A combinação seria a seguinte: Haddad se desincompatibiliza em abril, deixando Durigan em seu lugar. Mas com o compromisso de devolver o posto ao titular de fato assim que as eleições acabarem, em outubro de 2026. Seriam curtos seis meses de interinidade.
O ministro ainda figura nos planos de Lula como seu mais provável sucessor. Caso o presidente seja reeleito, Haddad ficaria como provável candidato ao Planalto em 2030.