Em meio aos novos desdobramentos do esquema de desvio ilegal de recursos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o caso, deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), protocolou na manhã de sexta-feira (19) requerimentos que convocam nomes vinculados ao governo para depor na comissão.
Dentre eles, Gaspar solicita novamente a convocação de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conhecido como Lulinha. O pedido deve ser avaliado no retorno das atividades legislativas, agendadas para 2 de fevereiro.
Além de Lulinha, Gaspar também encaminhou um requerimento solicitando os depoimentos do senador Weverton Rocha (PDT-MA); do ex-secretário-executivo do Ministério da Previdência Social Adroaldo da Cunha Portal; do assessor do ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho, Gustavo Marques Gaspar; da empresária Roberta Luchsinger, apontada como amiga de Lulinha; e da ex-publicitária do Partido dos Trabalhadores (PT) Danielle Fonteles.
“Todos esses nomes apareceram, em algum momento, ao longo dos trabalhos da CPMI e são peças importantes para esclarecer o maior esquema de fraudes já cometido contra aposentados e pensionistas. Não foi um crime isolado, foi uma engrenagem criminosa com influência política e blindagem institucional. Seguiremos em busca da verdade e por justiça pelas vítimas desse crime bilionário”, escreveu Gaspar em suas redes sociais.
Entenda
Os nomes viraram alvo da comissão da CPMI após a divulgação de informações da segunda fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (18) pela Polícia Federal (PF) juntamente com a Controladoria-Geral da União (CGU).
Os mandados de busca a apreensão e mandatos de prisão foram acatados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça. Na operação, os agentes prenderam preventivamente, em regime domiciliar, o então número 2 do Ministério da Previdência. No mesmo dia, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, determinou a exoneração de Adroaldo Portal do cargo e o então consultor jurídico da pasta, Felipe Cavalcante e Silva, entrou no lugar dele.
Lulinha
O filho do presidente da República voltou aos holofotes da situação após o relatório da PF apontar Roberta Luchsinger, apontada como amiga de Lulinha, como uma das pessoas supostamente envolvidas no esquema. Segundo as apurações da PF, os agentes de uma empresa ligada a Luchsinger estavam recebendo recorrentemente repasses de R$ 300 mil que, segundo informações iniciais, seriam uma “mesada” paga pelo lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “careca do INSS”, para “o filho do rapaz”, segundo o próprio lobista, sem detalhar quem seria a pessoa. O nome de Fábio Luís Lula da Silva apareceu em depoimento de testemunha ligada ao “careca do INSS”.
O próprio presidente Lula da Silva defendeu, na quinta-feira (18), que todas as pessoas envolvidas, mesmo que indiretamente, no esquema de descontos ilegais deve ser investigadas, inclusive seus parentes. “É importante que haja seriedade para que a gente possa investigar todas as pessoas que estão envolvidas, todas as pessoas. Ninguém ficará livre. Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado”, declarou Lula.