O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou, nesta quarta-feira (17), a última reunião ministerial de 2025. Ele fez balanço das ações do governo ao longo de dois anos e 11 meses de gestão, destacando avanços econômicos, sociais e institucionais. Ao falar sobre a importância da prestação de contas, no entanto, reclamou que sua equipe precisa melhorar a comunicação com a população.
Segundo ele, 2026 – ano de eleições - deve ser marcado pela apresentação clara e objetiva dos resultados alcançados, para que os brasileiros tenham acesso amplo às informações sobre as ações de políticas públicas.
“É importante que a gente tenha a noção que nós precisamos fazer com que o povo saiba o que aconteceu nesse país. Eu tenho a impressão que o povo ainda não sabe, que nós ainda não conseguimos a narrativa correta para fazer com que o povo saiba fazer uma avaliação das coisas que aconteceram nesse país”, disse Lula.
O presidente ressaltou que o país vive um momento único em sua história recente. “Eu acho que nós estamos vivendo, do ponto de vista econômico, do financiamento dos nossos bancos, do crescimento da nossa indústria, do ponto de vista do crescimento da agricultura, um momento quase que ímpar na história desse país”, destacou Lula.
“Essa reunião de hoje é para que todos vocês tenham um quadro real do que aconteceu nesses três anos, possivelmente nem cada um de nós individualmente saiba a grandeza do que foi feito”, disse.
União e políticas sociais
Segundo o presidente, políticas públicas voltadas à inclusão social, que garantem direitos básicos e ampliam o acesso da população à alimentação, à cultura e à cidadania foram fortalecidas nos últimos anos. “A verdade nua e crua é que nós acabamos com a invisibilidade do povo pobre deste país, nós acabamos com a invisibilidade de um povo que só era reconhecido em época de eleição”, evidenciou Lula.
Lula também usou como exemplo o recorde em investimento no setor de Cultura e na alimentação. “Hoje as pessoas estão tendo o direito de comer três vezes ao dia, de ir ao cinema, porque também nunca se investiu tanto em Cultura como se investiu nesses três anos, num país em que não existia mais Ministério da Cultura”, exemplificou.
A ampliação da renda e da circulação de recursos na economia, de acordo com o presidente, é um dos pilares da estratégia do governo para o desenvolvimento do país. “Se tiver dinheiro na mão do povo, está resolvido o problema da industrialização, do consumo, da agricultura, da inflação. O que nós vamos demonstrar de lição ao povo brasileiro é que, na hora que a gente consegue fazer com que o dinheiro circule na mão de todos, está resolvido parte do trauma desse país”, registrou Lula.
Economia e investimentos
Em seu discurso, Lula destacou o desempenho da economia e o papel estratégico dos bancos públicos no estímulo ao desenvolvimento. Segundo ele, há décadas instituições como BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Basa e BNB não apresentavam a capacidade de investimento registrada no atual governo.
“Se a gente for analisar o que os bancos públicos brasileiros fizeram, a gente vai perceber que há décadas os bancos não faziam a capacidade de investimento que estão fazendo agora”, destacou.
O presidente também ressaltou a aprovação de medidas consideradas estruturantes, como a reforma tributária e mudanças no Imposto de Renda. “Tudo aquilo que, teoricamente, os analistas políticos achavam impossível acontecer num governo que tinha menos de 120 deputados, numa Câmara de 513, aconteceu. Aconteceu pela persistência de cada um de vocês, pela capacidade de conversa que vocês tiveram, pela capacidade de argumentação”, disse Lula aos ministros.
“Se a gente acreditar no poder do argumento, no poder da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países e assim nós conseguimos terminar o ano numa situação amplamente favorável”, complementou.
Indústria
Durante a reunião, o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, apresentou os principais avanços da Nova Indústria Brasil (NIB), política lançada para fortalecer a reindustrialização do país. Como exemplo, no eixo da inovação, foram destinados R$ 108 bilhões para estimular o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional, com atuação integrada de instituições como Finep, Embrapii e BNDES.
No campo da indústria verde e sustentável, o vice-presidente ressaltou o programa Mover, que prevê incentivos para eficiência energética, segurança automotiva e inovação, além de R$ 140 bilhões em investimentos privados no setor automotivo. Ele destacou a retomada de fábricas fechadas, estímulo à produção de veículos sustentáveis e medidas para ampliar a competitividade do comércio exterior.
“O programa Mover tem R$ 3,8 bilhões de incentivo para eficiência energética, segurança automotiva e inovação. O presidente anunciou R$ 140 bilhões de investimento privado e mais R$ 50 milhões na indústria automotiva. Tinham fechado três fábricas. As três voltaram. No lugar da Mercedes, a GWM. Na Bahia, a BYD, e no Ceará, General Motors”, disse.
Biocombustíveis
Além disso, Alckmin apontou avanços na indústria de biocombustíveis, com a elevação da mistura do biodiesel no diesel, o fortalecimento do etanol e o desenvolvimento do combustível sustentável de aviação (SAF). “O Brasil vai ser o grande protagonista do SAF, o combustível de aviação sustentável. E o etanol, que estava em 25%, 27%, foi para 30%. E a gente viu as usinas novas de etanol, inclusive agora etanol de milho também. Uma indústria mais competitiva”, destacou.
Integração
O vice-presidente Alckmin ressaltou que os avanços são resultado de uma estratégia integrada, combinando política industrial, reforma tributária, estímulo ao investimento e ampliação do poder de compra da população. “É o ano da colheita. Nós estamos colhendo e plantando, permanentemente procurando plantar mais. E temos aqui o Ministério que une a todos nós, que é o Ministério do Entusiasmo, presidido pelo presidente Lula”, concluiu Alckmin.