A defesa do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (15), um pedido para que Bolsonaro deixe a prisão para realizar uma cirurgia de emergência. A defesa encaminhou ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do processo judicial que condenou o ex-presidente e outras autoridades pelo crime de tentativa de golpe de Estado, resultados de exames que justificam o procedimento, além de reforçar o pedido para que o ex-presidente seja transferido para prisão domiciliar. Nesta quarta-feira (17) está marcada uma perícia médica em Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF). Diante disso, em decisão publicada no mesmo dia, Moraes determinou que a defesa de Bolsonaro entregue os laudos e exames aos peritos da PF e, após perícia nesta quarta, ele tomará uma nova decisão.
“Dessa maneira, determino o envio de cópia dos exames e laudos juntados aos autos para conhecimento e análise dos peritos médicos, que realizarão a perícia no dia 17/12/2025, no Instituto Nacional de Criminalística. Após a realização da perícia e com a juntada do laudo pericial, deverá ser aberta nova conclusão imediatamente”, determinou Alexandre de Moraes.
Neste domingo (14), após autorização de Moraes no sábado (13), Jair Bolsonaro realizou um exame de ultrassom que confirmaram que ele tem hérnias inguinais bilaterais – tanto no lado direito quanto no esquerdo. “A partir desse exame, o médico responsável pelo acompanhamento do peticionário, Dr. Claudio Birolini, elaborou novo relatório médico, no qual reitera a necessidade de realização do procedimento cirúrgico de herniorrafia inguinal bilateral, em regime de internação hospitalar, sob anestesia geral, com tempo estimado de permanência entre cinco e sete dias”, afirmou a defesa de Bolsonaro.
Hérnias inguinais são protuberâncias na virilha, causadas quando há uma fraqueza dos músculos abdominais que resultam em inchaços visíveis. Além do inchaço, outros sintomas são dores e desconfortos, especialmente ao tossir, levantar peso ou fazer algum esforço. Se não tratados, o conteúdo abdominal pode ficar preso (encarcerado) e ter o suprimento sanguíneo cortado (estrangulamento), o que pode levar à morte do tecido (necrose).
Prisão domiciliar
“Esses novos elementos clínicos reforçam integralmente as conclusões já apresentadas na petição anteriormente protocolada, também ora expressamente reiterada, na qual se demonstrou, de forma minuciosa e documental, a incompatibilidade do ambiente prisional com a condição de saúde do Peticionário”, argumentaram os advogados de defesa de Bolsonaro.
No recurso, a defesa do condenado também alega que espera que “esses novos elementos médicos sejam considerados como reforço autônomo e superveniente do pedido de prisão domiciliar humanitária, já deduzido e pendente de apreciação, diante da inequívoca incompatibilidade do quadro clínico atual com o cumprimento da pena em estabelecimento prisional”.
Bolsonaro está preso em uma cela especial da Polícia Federal (PF) desde 22 de novembro. Ele, que estava em prisão domiciliar por tentativa de golpe de Estado, foi encaminhado à PF e preso preventivamente por risco de fuga após tentar quebrar a tornozeleira eletrônica que usava. Em 25 de novembro, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou oficialmente o processo judicial, condenando-o a pena de 27 anos e três meses de prisão.