Por: Da Redação

Lira ocupa espaço e se aproxima do governo

Lira cumprimenta seu adversário Renan Calheiros | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) demonstrou nesta quarta-feira (26) que pode atuar como um dos principais interlocutores do Palácio do Planalto no Congresso, num momento de tensão com a cúpula do Legislativo.

Lira teve protagonismo na cerimônia de sanção da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, já que foi relator da proposta na Câmara, e discursou no evento, considerado um dos principais atos políticos da gestão Lula 3. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), foram convidados, mas não compareceram, num recado de insatisfação da relação com o governo.

A avaliação de aliados do presidente da República é que Lira demonstrou que se cacifa para ser um interlocutor do Palácio e sai fortalecido do evento, num momento de estremecimento com Motta e queixas da atuação do deputado à frente da Câmara.

Nesse cenário, dizem interlocutores de Motta, não havia clima para que ele comparecesse à cerimônia. Na ausência do parlamentar, Lira teve destaque. Ele fez uma fala com elogios ao presidente da República e a integrantes do governo, como a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e pregou o diálogo. Ele começou o discurso parabenizando o petista pela sanção da norma e dizendo que teve "a honra" de conviver com ele nos últimos dois anos, enquanto esteve à frente da Câmara.

"Tivemos e temos a relação institucional mais próspera, correta, tranquila e sempre institucional voltada ao equilíbrio das votações importantes para o Brasil", disse Lira. Em seguida, afirmou que é sempre "um prazer" para os dirigentes quando eles conseguem "honrar compromissos de campanha da forma como foram feitos".

Ruim para Motta

Para um presidente de partido do centrão, o espaço ocupado por Lira nesta quarta é algo negativo para Motta, que acaba ofuscado. Por outro lado, ele ressalta que o presidente da Casa tem apoio e respeito entre os deputados.

Interlocutores de Motta minimizam a ausência do parlamentar no evento e eventual disputa de protagonismo com Lira. Um aliado dele diz que Motta conversou com Lira mais cedo nesta quarta para informar que não participaria da cerimônia e que ele estava ciente que o ex-presidente da Câmara faria um discurso na ocasião.

Motta foi eleito presidente da Câmara em fevereiro, numa costura capitaneada por Lira, que contou com apoio quase majoritário dos partidos na Casa. De lá para cá, no entanto, houve um estremecimento na relação dos dois políticos.

Victoria Azevedo, com colaboração de Carolina Linhares (Folhapress)