Por: Rudolfo Lago

Destino de Sabino definido na segunda-feira

Sabino defende-se de chance de expulsão: "Não fiz nada de errado" | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O Conselho de Ética do União Brasil irá se reunir na próxima segunda-feira (24) para decidir o destino do ministro do Turismo, Celso Sabino, no partido. Em setembro, a legenda resolveu se unir em federação com o Progressistas (PP), formando a Federação Progressistas. Naquele momento, a federação, que passaria a ser presidida em conjunto por Antônio Rueda, presidente do União, e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, resolveu que passaria a fazer oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. E determinou que os ministros do partido deixassem seus cargos. A decisão de Sabino de ficar no cargo levou à abertura de um processo de expulsão no partido.

Na verdade, a posição da Federação Progressista é controversa. O ministro dos Esportes, André Fufuca, que era do PP, também resolveu permanecer no cargo. O partido o afastou no dia 8 de outubro. Mas o PP resolveu ficar com a presidência da Caixa, cargo exercido por Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No União Brasil, apesar do processo de expulsão de Sabino, o partido segue com o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira. O partido considera que ele é uma indicação pessoal do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que indicou também Valdez Góes, do seu estado, que é filiado ao PDT.

Sabino falou da sua situação no União Brasil no programa “Bom Dia, Ministro”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), na manhã desta segunda. O Correio da Manhã participou do programa fazendo duas perguntas ao ministro. E uma delas foi justamente sobre a sua situação política.

“Nada errado”

Sabino disse na entrevista que o julgamento da sua situação no União Brasil estava inicialmente marcada para o dia 10 de novembro. Era, porém, o dia da inauguração da Zona Verde da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. A Zona Verde é a área da conferência aberta ao público. Como um dos anfitriões da conferência, Sabino pediu que a reunião fosse adiada, para que ele pudesse efetivamente estar presente e fazer a sua defesa. Decidiu-se, então, adiar a reunião para o dia 24 de novembro.

“Eu estarei lá fazendo a minha defesa”, disse Sabino, em resposta à pergunta do Correio. “Eu não fiz nada de errado”, sustenta. O raciocínio de Sabino é que ele recebeu a tarefa de assumir o ministério do seu partido. E que não teria havido nenhuma razão objetiva que justificasse a interrupção desse trabalho. “Não vejo razão para tomar uma decisão como essa a um ano da eleição. Não vejo nenhum fato que pudesse legitimar isso”, argumenta.

Na entrevista, Sabino apresentou números sobre o turismo brasileiro. Afirmou que o Brasil deverá este ano bater um recorde de presença de turistas estrangeiros no país: mais de dez milhões. De acordo com a Federação do Comércio, Bens e Serviços (Fecomércio), haverá também um recorde de faturamento do setor: R$ 110 bilhões. “A agremiação partidária deveria se assenhorar de tudo isso”, comentou Sabino. “Afinal de contas, eu, o ministro, sou filiado ao partido”.

“Melhor para o país”

O ministro do Turismo considera que a decisão tomada em setembro pela Federação Progressista foi açodada. Na ocasião, Lula experimentava índices mais baixos de popularidade, e os dois partidos entenderam que o melhor caminho político seria caminhar para a oposição. Ainda que sem clareza quanto a quem a federação irá apoiar. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é pré-candidato do União à Presidência. Mas não há consenso quanto a apoiá-lo.

Parte do partido quer seguir a orientação que for feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas em estados do Norte e do Nordeste, como o Pará de Sabino e o Maranhão de Fufuca, fazer oposição pode não ser o melhor caminho estratégicos.

“Sigo acreditando que o melhor para o país, para o progressismo, é seguir sob o comando do presidente Lula”, afirmou Sabino. “Tenho certeza de que lá na frente, os que são contrários irão se convencer disso”.

Visitantes

A segunda pergunta feita pelo Correio da Manhã pediu um balanço até agora da COP30 pelo viés do turismo. Segundo Celso Sabino, estão inscritos na conferência cerca de 60 mil visitantes de vários países do mundo. “Só teremos o número exato ao final da conferência. Mas Belém está cheia de pessoas de todos os lugares do mundo, visitando a cidade e também lugares próximos no Pará”, afirmou.

Sabino disse ainda que 95% da ocupação hoteleira de Belém foi preenchida. E que, no final, acabou não acontecendo a disparada de preços de diárias que chegou a se ameaçar. “Eram casos esporádicos que foram tomados como se fossem a regra”, afirmou. “Quem primeiro achou que poderia cobrar diárias de R$ 12 mil no final talvez não esteja cobrando R$ 700”, afirmou. Segundo o ministro, a situação se estabilizou com medidas como a colocação de dois transatlânticos para suprir eventuais hospedagens.

“Quando Mônaco faz o Grande Prêmio de Fórmula Um, isso também impacta lá os preços”, avaliou Sabino. “Isso acontece em todo grande evento”, continuou. “Acho que aqui houve aquele tradicional complexo de vira-latas. Apostou-se que não ia dar certo porque era no Brasil. Quem fez essa aposta, apostou errado”.