Ao medir a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Instituto Quaest já demonstrava, na quarta-feira (12), o dano que lhe causou o debate sobre segurança pública provocado, no final do mês de outubro, pela operação policial nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Depois de uma série de subidas consecutivas desde julho, provocadas pelo tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula parou de crescer. Sua popularidade teve uma oscilação negativa. Na quinta, a Quaest complementou o quadro com a pesquisa eleitoral. Que revela o mesmo cenário: a segurança travou Lula.
Segundo a Quaest, Lula vence as eleições do ano que vem em dez diferentes cenários testados. Mas a sua vantagem caiu com relação aos seus principais adversários. Especialmente nas simulações de segundo turno. Numa eventual disputa com o ex-presidente Jair Bolsonaro, a pesquisa apresenta um empate técnico entre os dois. Lula teria 42% das intenções de voto, e Bolsonaro, 39%. Uma queda considerável. Entre a rodada de outubro e a de novembro, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro caiu de dez pontos para somente três.
Bolsonaro está inelegível por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe, deverá ser preso nos próximos dias. Ou seja, na situação atual, ele não poderá disputar a eleição de 2026. Mas o diretor do Instituto Quaest, Felipe Nunes, justifica a sua inclusão entre os candidatos. “Medir Bolsonaro, mesmo inelegível, ajuda a entender o teto de uma candidatura de oposição”, avalia Nunes. Ou seja, para o analista, o ex-presidente é hoje aquele que reúne o máximo de chance contra Lula. É preciso, portanto, testá-lo para saber qual seria o potencial de transferência para outro nome da oposição.
Vantagem
Mas, para além de Bolsonaro, a vantagem de Lula nas eventuais disputas de segundo turno caiu também com relação a várias das demais alternativas. No caso, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); do Paraná, Ratinho Jr (PSD); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Também caiu na disputa com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ); com a esposa de Bolsonaro, Michelle (PL), e com Ciro Gomes (PSDB).
Depois de Bolsonaro, os que ficaram mais próximos de Lula foram Ciro, Tarcísio e Ratinho Jr, todos com uma diferença de cinco pontos. Ciro antes tinha nove pontos de diferença; Tarcísio, 12, e Ratinho, 13. Para Zema e Caiado, a diferença é de sete pontos. Para Michelle, nove. Para Eduardo, dez. Para Eduardo Leite, 13. A Quaest testou ainda pela primeira vez Renan Soares, nome do Missão, novo partido criado por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL). A vantagem de Lula sobre ele num eventual segundo turno seria de 17 pontos.
Cenários
No primeiro turno, foram testados dez diferentes cenários. No primeiro deles, Lula aparece com 32% das intenções de voto. Bolsonaro com 27%. O terceiro é Ciro Gomes, com 8%. E Ratinho Jr tem 7%.
No cenário 2, sai Bolsonaro e entra Michelle. No caso, Lula tem 31%. Michelle, 18%. Ratinho, 10%. E Ciro, 9%.
No terceiro cenário, entra Tarcísio. E Lula fica, então, com 35%. Tarcísio tem 16%. E Ciro, 12%. Em um quarto cenário, Lula tem 32%. Eduardo Bolsonaro, 15%. Ratinho Jr e Ciro Gomes ficam 10%.
Numa situação somente com Lula, Tarcísio e Eduardo, Lula fica com 38%. Tarcísio com 20%. E Eduardo, com 18%. Sendo somente Eduardo e Ratinho, Lula tem 36%. Eduardo, 22%. E Ratinho, 18%.
Contra Eduardo e Zema, a situação é: Lula, 38%; Eduardo, 24%; Zema, 12%. Contra Eduardo e Caiado: Lula, 39%; Eduardo, 24%; Caiado, 11%.
Contra Eduardo e Renan Santos: Lula, 39%; Eduardo, 27%; Renan, 6%. Finalmente, contra Tarcísio, Caiado e Renan: Lula, 39%; Tarcísio, 21%; Caiado, 7%; Renan, 6%.
Rejeição
Os cenários todos mostram, então, que a vantagem de Lula oscila acima dos 30%, ficando nos melhores cenários abaixo de 40%. Outros dados, porém, talvez demonstrem que sua liderança ocorre mais pelas demais opções do que propriamente por uma escolha certeira numa nova eleição do presidente.
A maioria dos eleitores ouvidos acha que Lula não deveria disputar a reeleição. Essa é a opinião de 59%. Essa avaliação cresceu três pontos (era 56%). E caiu o percentual dos que acham que ele deveria disputar, de 42% para 38%.
No caso, porém, é maior o percentual dos que acham que Bolsonaro não deveria disputar. Essa é a opinião de 67%. Mas esse percentual era 76% em outubro. Os que acham que ele deveria manter a candidatura são 27% (eram 18%).