Por: Sabrina Fonseca

Brasil no centro das decisões climáticas globais

A "foto de família", que reuniu os chefes de Estado | Foto: Ricardo Stuckert / PR

A Cúpula de Líderes da COP30, encerrada na sexta-feira (7), em Belém (PA), marcou o início simbólico da 30ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 30), que colocará o Brasil no centro das discussões ambientais globais, a partir desta segunda-feira (10).

O encontro reuniu mais de 40 chefes de Estado e autoridades internacionais para debater temas como transição energética, financiamento climático e preservação das florestas tropicais, consolidando o protagonismo brasileiro na agenda ambiental.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da tradicional “foto de família”, ao lado de líderes como Emmanuel Macron (França), Ursula von der Leyen (Presidente da Comissão Europeia), Keir Starmer (Primeiro-ministro do Reino Unido) e Gabriel Boric (Presidente do Chile). O registro, feito em frente ao Hangar Centro de Convenções, em Belém, simbolizou a união de esforços para enfrentar a crise climática e destacou o papel da Amazônia como cenário central da COP30 —a primeira realizada dentro da floresta tropical. O governo brasileiro aproveitou o momento para reforçar sua imagem como articulador diplomático e anfitrião de um evento histórico para o país e para o planeta.

Transição

Durante os painéis temáticos, Lula defendeu uma transição energética justa e inclusiva, afirmando que “não é preciso desligar as máquinas” para combater as mudanças climáticas. Segundo ele, o desafio não está em paralisar o desenvolvimento, mas em promover uma economia verde que garanta empregos e crescimento sustentável. O presidente ressaltou que cerca de 90% da matriz elétrica brasileira já é composta por fontes limpas, como hidrelétricas, energia eólica e solar, e destacou o potencial dos biocombustíveis, especialmente o etanol e o biodiesel, como alternativas viáveis para o transporte e a indústria.

Lula também reforçou a necessidade de os países em desenvolvimento participarem de todas as etapas da cadeia de produção de energia limpa, desde a extração de minerais até a fabricação de equipamentos tecnológicos, como forma de garantir justiça climática e reduzir desigualdades globais. O discurso foi bem recebido por lideranças estrangeiras, que reconheceram o papel estratégico do Brasil na transição energética mundial.

Metas

Outro ponto de destaque do encontro foi o debate sobre as metas climáticas do Acordo de Paris, que completou dez anos em 2025. Os líderes discutiram mecanismos de financiamento e compromissos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Lula criticou os subsídios aos combustíveis fósseis e lembrou que, em 2024, o mundo registrou o maior nível de emissões do setor energético em quase sete décadas. O presidente também apresentou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa brasileira que já atraiu cerca de U$ 5,5 bilhões em investimentos voltados à preservação florestal e ao desenvolvimento sustentável na Amazônia e em outros biomas tropicais.

Paralelamente às sessões plenárias, Lula manteve uma intensa agenda de reuniões bilaterais com chefes de Estado e representantes internacionais. Ele se encontrou com a presidente do Suriname, Jennifer Geerlings-Simons, e com o primeiro-ministro de Papua-Nova Guiné, James Marape, para tratar de cooperação florestal e integração regional. Também recebeu o príncipe de Gales, William, e outras autoridades, com quem discutiu novas parcerias voltadas ao financiamento verde e à conservação das florestas.

Para o Advogado, mestrando em Direito Agrário e especialista em Direito Ambiental, Whayster Junior Franco, a COP 30 ocorre em meio a “incertezas”: “A COP30 é vista como uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas pautas ambientais globais. No entanto, a COP 30 ocorre em meio a um cenário de incertezas, tanto em razão das crises políticas mundiais e, também, devido ao agravamento das crises climáticas”, avalia.

O encerramento da Cúpula de Líderes abre espaço para a fase técnica da COP30, que reunirá delegações de cerca de 190 países em negociações formais. A expectativa é que os próximos dias sejam marcados por debates sobre aceleração da transição energética, ampliação do financiamento climático para países do Sul Global e mecanismos de preservação das florestas tropicais.