Por: Sabrina Fonseca

Oposição acusa omissão do governo federal

Lewandowski afirma que governo não negou ajuda | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A decisão do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), de realizar a megaoperação contra o tráfico no Complexo do Alemão e da Penha sem o auxílio do governo federal gerou grandes discussões em Brasília.

O governo estadual classificou a ação como essencial para retomar o controle de territórios dominados por facções. Autoridades destacam que a operação é fruto de meses de investigação e tem como foco atingir a estrutura financeira das organizações criminosas, mirando tanto os executores quanto os responsáveis pela lavagem de dinheiro e coordenação das atividades ilegais. Apesar da magnitude da operação, o número de mortos ainda é motivo de divergência entre fontes oficiais e relatos locais. O governo informou que novas atualizações serão divulgadas após a identificação das vítimas e conclusão das perícias. Balanço parcial apontava para 64 mortes, incluindo dois policiais.

Claudio Castro afirmou que a decisão decorreu da negativa do governo federal em auxiliar. Tivemos pedidos negados três vezes para o empréstimo de blindados. Para isso, seria preciso a GLO [Garantia da Lei e da Ordem], e o presidente [Lula] é contra a GLO”, disse Castro.

A oposição criticou o governo federal na mesma linha. “O Rio de Janeiro amanheceu em guerra”, disse nota divulgada pelo líder da Oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS). “Uma operação policial que deixou dezenas de mortos e feridos, e um Estado inteiro em pânico, escancara o tamanho do vácuo de comando e da omissão do governo federal diante da violência que devasta a sociedade brasileira “.

“Mesmo com pedido formal do governador Cláudio Castro, o governo Lula negou por três vezes o apoio das Forças Armadas. A tropa foi sozinha — enfrentando drones com bombas, barricadas e um arsenal de guerra em poder do crime organizado. Enquanto isso, o presidente da República prefere dizer que traficante é vítima de usuário”.

“O desgoverno de Lula precisa escolher de que lado está: do cidadão ou do bandido”, conclui a nota.

Declarações oficiais

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, negou que o governo tenha rejeitado qualquer solicitação. “Nenhum pedido do governador Cláudio Castro foi negado. A Polícia Federal tem atuado intensamente, com recorde em apreensões de drogas e armas, além de operações de inteligência. A Polícia Rodoviária Federal patrulha as rodovias para impedir o tráfico de armas, drogas e pessoas. O governo federal tem atuado de forma constante”, afirmou.

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), defendeu nas redes sociais a aprovação da PEC da Segurança Pública, proposta apresentada por Lewandowski. “Os violentos episódios desta terça-feira, com dezenas de mortes e ameaças à população, evidenciam a urgência da aprovação da PEC. É fundamental uma articulação entre as forças de segurança e o fortalecimento da Polícia Federal e de outras instituições no planejamento e execução das ações conjuntas”, escreveu.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também se manifestou em nota, expressando apoio às forças de segurança e solidariedade às vítimas. “O Congresso acompanha com atenção e preocupação os acontecimentos no Rio de Janeiro. O Senado aprovou o Projeto de Lei nº 226/2024, que reforça o marco legal de enfrentamento à criminalidade. Reafirmamos nosso apoio às forças de segurança e o compromisso com soluções legislativas que fortaleçam o combate ao crime organizado e a proteção da vida dos brasileiros”, declarou Alcolumbre.