Por: Sabrina Fonseca

Ex-diretor confirma relação com "careca do INSS"

Guimarães recebeu R$ 2 milhões do "careca do INSS" | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouviu, na segunda-feira (27), o ex-diretor do órgão e dono da Vênus Consultoria, Alexandre Guimarães, que ficou à frente da instituição entre 2021 a 2023, e recebeu R$ 2 milhões de Antonio Carlos Neto, o empresário conhecido como o “careca do INSS”, preso em setembro pela Polícia Federal, após vir à tona o esquema nacional de descontos indevidos não autorizados feitos nas aposentadorias de pensões de beneficiários.

Questionado pelo relator da comissão, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sobre sua relação com o “careca do INSS”, Guimarães, que deu seu depoimento sem Habeas Corpus preventivo, respondeu que o conheceu em uma distribuidora de bebidas, no início de 2022, e conversaram sobre um projeto à época do empresário sobre importação de frutas para a China.

O relator também perguntou se os R$ 2 milhões recebidos por Guimarães tinham a ver com os descontos indevidos sofridos por pensionistas e aposentados. O ex-diretor negou, afirmando que o dinheiro foi recebido para a empresa na qual ele prestava serviços, a Vênus Consultoria.

Alexandre ainda foi interrogado sobre como conseguiu a vaga como diretor do INSS. Primeiramente, respondeu que foi por questões políticas. Minutos depois, desmentiu e disse que foi através de seu currículo. Ele também respondeu que sua renda atual dependia da sua aposentadoria, apenas, e garantiu que abriria a quebra de sigilo bancário pessoal e da Vênus Consultoria para provar sua inocência, mas que não teria motivos para fazer uma delação premiada em relação à fraude do INSS.

Alexandre Guimarães

Guimarães foi nomeado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e deixou o cargo no início da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Antes disso, atuou como servidor público de carreira, com atuação também no ramo de consultoria por meio da sua empresa, a Vênus Consultoria.

Alexandre Guimarães é investigado por supostos repasses financeiros realizados a partir de um lobista identificado nas investigações careca do INSS para sua empresa. A defesa nega vínculo ilícito ou irregular com as investigações, apontando que a sua empresa tinha outro ramo de atuação.

Próximos convocados

O relator da CPMI do INSS também manifestou seu desejo de ouvir os depoimentos do deputado Euclydes Pettersen (PSD-MG) e do senador Weverton Rocha (PDT-MA) no âmbito das apurações.

Gaspar declarou esperar que não haja “blindagem” em relação aos dois parlamentares, destacando que os esclarecimentos seriam úteis tanto para Pettersen quanto para Rocha.

Segundo informações, Weverton teria uma empresa da qual o empresário Rodrigo Martins Correa é administrador, esse empresário figura também como sócio da firma que realizava a contabilidade dos negócios do chamado “careca do INSS”, incluindo offshores.

Já Euclydes Pettersen aparece no depoimento do ex-diretor de governança do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alexandre Guimarães, que afirmou ter apresentado currículo a Pettersen e ao então deputado André Moura (ambos então no PSC) para conseguir ingresso no órgão. Guimarães negou conhecer previamente Pettersen.

Até o momento, foi protocolado apenas um requerimento de convocação contra Weverton Rocha, assinado pelo deputado Kim Kataguiri (União-SP), no qual menciona que Weverton teria recebido o “Careca do INSS” em seu gabinete.