O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para a Indonésia, na terça-feira (21), sem anunciar quem será o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A expectativa é que o escolhido seja mesmo o advogado-geral da União, Jorge Messias. O Correio da Manhã apurou, inclusive, que Lula já fez o convite a Messias. O anúncio, porém, deverá ser feito somente após o retorno de Lula da Ásia.
O problema, porém, é o risco de resistência ao nome no Senado. Especialmente vinda do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), que apadrinha que a escolha recaia sobre o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Na segunda-feira (20), Lula chegou a se reunir com Alcolumbre no Palácio do Alvorada para conversar sobre a preferência de Lula por Messias para substituir o ministro Luís Roberto Barroso. O preferido de Alcolumbre, Pacheco, é também o nome adotado por parte do Senado e mesmo por uma ala do próprio STF. Para escolher Messias, portanto, Lula precisará quebrar essas arestas políticas. Por isso, ele optou por deixar a comunicação da escolha para quando estiver de volta ao Brasil.
Mas, de acordo com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), Lula aposta em Pacheco para o governo de Minas Gerais, e dará prioridade no STF a Messias. O chefe do Executivo ainda deverá conversar com Pacheco pessoalmente quando retornar de sua viagem à Ásia.
No início deste ano, o nome de Pacheco foi cotado para assumir uma das pastas na Esplanada na reforma ministerial que Lula fez. Mas, à época, o senador mineiro disse que a decisão de recusar o ministério se deveu a uma necessidade pessoal de “voltar para casa”, ou seja, priorizar sua atuação em Minas Gerais.
Após a escolha oficial de Lula, o nome definido ao STF ainda será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, além de ser aprovado pela maioria no plenário da Casa.
Jorge Messias
Jorge Messias, de 45 anos, assumiu a chefia da Advocacia-geral da União no início do terceiro mandato de Lula, em 2023. Anteriormente, ele foi subchefe para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência da República do governo de Dilma Rousseff. Tornou-se um dos protagonistas da Lava Jato, em 2015, quando teve seu nome citado em uma ligação entre Dilma e Lula, que estava sendo investigado. À época, a então presidente se referiu ao advogado como “Bessias”. A ligação foi interceptada por ordem do ex-juíz Sérgio Moro, atual senador pelo União Brasil do Paraná, que julgava o caso.
Como ministro do STF, deverá ficar na Corte por três décadas. Isso porque, de acordo com o regimento interno do STF, os ministros devem se aposentar ao completar 75 anos.
Boulos no governo
O presidente Lula também decidiu promover uma nova mudança em sua equipe ministerial. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) será o novo titular da Secretaria-Geral da Presidência, substituindo o ministro Márcio Macêdo. A decisão foi anunciada após uma reunião entre o presidente, Boulos e Macêdo na segunda-feira (20).
A alteração faz parte de uma estratégia voltada para as eleições de 2026. Com forte atuação nos movimentos sociais, Boulos é visto pelo governo como uma figura capaz de reforçar a ligação de Lula com essas bases.
Na Câmara dos Deputados, o posto deixado por Boulos deve ser ocupado por Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Galvão é suplente eleito pela coligação PSOL/Rede nas eleições de 2022.
Viagem de Lula
O encontro entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), parece estar cada vez mais próximo. Na terça-feira (21), Lula embarcou para a Indonésia e, em seguida, para Kuala Lumpur, capital da Malásia, onde ambos participarão da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). A expectativa é que a presença dos dois líderes na reunião abra espaço para o primeiro encontro bilateral entre Brasil e EUA, previsto para ocorrer no próximo domingo (26).
Conforme antecipado pelo Correio da Manhã, a reunião deve acontecer na Malásia por se tratar de um território considerado neutro, o que ajudaria a equilibrar o ambiente diplomático.