Por: Sabrina Fonseca

Lula confirma reunião de Vieira com Rubio nos EUA

Vieira chefia a delegação que deverá se encontrar com Rubio | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, em um evento no Rio de Janeiro (RJ), na quarta-feira (15), a reunião entre Brasil e Estados Unidos para tentar um acerto que acabe ou, pelo menos, arrefeça o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Republicano) sobre os produtos brasileiros.

Donald Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para as negociações. E Rubio, também numa conversa telefônica após Lula e Trump, convidou o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, para liderar uma delegação brasileira a Washington. Os dois conversaram por telefone no dia 9 de outubro. Segundo Lula, a expectativa é que o encontro entre os ministros brasileiro e dos EUA ocorra nesta quinta-feira (16).

O presidente chegou a comentar que, na videoconferência com Trump, no início do mês, “não pintou química, pintou uma indústria petroquímica”. Lula contou, então, que propôs a Trump uma conversa “sem liturgia”, uma vez que ele já completou 80 anos e Trump está perto dessa idade também.

“Tinha gerado uma química na ONU, em 29 segundos. Ele me ligou, eu falei: ‘Presidente, eu queria estabelecer uma conversa sem liturgia, então vamos nos tratar de você, sem liturgia. E aí comecei a falar o que eu achava que deveria ter falado, sabe, não pintou química, pintou uma indústria petroquímica”, disse Lula.

Os dois presidentes se encontraram na 80ª Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), que se deu em Nova York, em setembro. O estadunidense descreveu, em seu discurso, uma “química excelente” entre eles.

Encontro

Para o analista político Alexandre Bandeira, o encontro é positivo para a diplomacia entre o Brasil e os Estados Unidos.

“Então, é um aspecto positivo porque retoma o curso natural da diplomacia que é uma relação de Estado, não é uma relação de governo e muito menos uma relação de governantes. A expectativa, logicamente, é muito grande para esse encontro porque depois das declarações de Trump na ONU, das declarações do próprio Lula também na ONU e da ligação que os dois tiveram já inicialmente preparando esse espaço, estamos vendo uma repavimentação das relações que interessam ao país”, analisa.

“Logicamente, é um encontro que está sendo preparado já há bastante tempo, desde a conversa na ONU, e que, por isso mesmo, se espera que haja menos surpresa e mais comedimento, já que a relação dos Estados Unidos com o Brasil, na seara comercial é histórica,”, destaca.

Tarifaço

A medida assinada por Trump para que fosse imposto ao Brasil um tarifaço de 50% sobre certos produtos começou em 6 de agosto. Em abril deste ano, as primeiras tarifas de 10% foram anunciadas para o Brasil e outros países. Já em julho, o presidente norte-americano enviou uma carta a Lula anunciando o aumento no valor do tarifaço.

Trump praticamente impôs como condição para um acordo comercial com o governo de Lula a suspensão do andamento do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos de reclusão por tentativa de golpe de Estado.

À época, Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que poderia responder ao aumento das tarifas com base na Lei da Reciprocidade.

Lula e Trump

Um possível encontro entre Lula e Trump pode se dar durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiário (Asean), na Malásia, entre os dias 26 a 28 de outubro. O encontro entre o chanceler brasileiro e Rubio também poderá destravar o encontro entre os dois mandatários.