Após um telefonema entre o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), Marco Rubio, na última semana, o encontro presencial entre as autoridades deve ocorrer nesta semana. Nesta terça-feira (14), o chanceler brasileiro desembarcou em Washington, capital estadunidense para se encontrar com Rubio. Nos bastidores, a expectativa é que a conversa entre eles aconteça nesta quinta-feira (16), porém, a data ainda não foi confirmada. A reportagem questionou o Itamaraty sobre a data agendada para o encontro entre Vieira e Marco Rubio, mas até o fechamento da reportagem, não obteve retorno.
Após acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Itália, Mauro Vieira saiu de Roma e seguiu direto para os Estados Unidos. Ele acompanhou o chefe de Estado brasileiro no discurso de Lula para o Fórum Mundial da Alimentação, organizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), na segunda-feira (13).
A conversa entre os representantes internacionais de seus respectivos países é o primeiro movimento para preparar o terreno para as conversas entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano). Os chefes de Estado chegaram a realizar uma videoconferência no dia 6 de outubro. Em uma conversa cordial de 30 minutos entre os presidentes, ele trataram sobre assuntos de interesse entre as nações – especialmente as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e medidas restritivas contra autoridades brasileiras.
Na ligação, Lula e Trump definiram que ambos se encontrarão presencialmente nos país um do outro – ou seja, Lula irá aos Estados Unidos e Trump visitará o Brasil. Mas, antes desse encontro, o presidente estadunidense designou Marco Rubio para dar sequência às negociações com o chanceler brasileiro e com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Tom cordial
Por enquanto, os representantes de ambos os países americanos mantêm um tom cordial e ameno, visando um acordo que possa melhor atender os interesses do Brasil e dos Estados Unidos. Em entrevistas anteriores, tanto Haddad quando Alckmin defenderam que as tarifas de 50% na exportação de determinados produtos brasileiros aos EUA (como carnes, café, mel, frutas e verduras) também tem prejudicado os cidadãos norte-americanos.
Também nesta terça-feira, Donald Trump citou o Brasil com um exemplo de país que está se alinhando aos Estados Unidos e voltou a dizer que teve “uma boa conversa” com Lula quando eles se encontraram em evento na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Ao lado do presidente da Argentina, Javier Milei – que viajou para Washington para negociar uma ajuda financeira dos EUA para a Argentina –, Trump disse que não precisava ajudar os países da região mas julgou importante fazê-lo em apoio ao continente americano.
“Se a Argentina for bem, outros vão seguir o exemplo. E muitos outros já estão seguindo”, disse Trump que, logo em seguida, citou o Brasil possível país sul-americano que pode estar indo para o lado dos Estados Unidos.
Vale lembrar, contudo, que Lula mantém boas relações comerciais e diplomáticas com a China – que vem sendo alvo dos Estados Unidos das políticas protecionistas – e o presidente brasileiro não cogita cortar relações com a país asiático, tampouco mudar as negociações do Brics em não depender mais do dólar americano como moeda comercial, o que foi motivo de embates entre Lula e Trump para além do tarifaço. E apesar do tom cordial, Trump não se comprometeu em nenhum momento a revogar as tarifas aplicadas a produtos brasileiros.