“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Diga ao povo que fico”, disse Dom Pedro I em 1822 ao se recusar a voltar para Portugal e decidir permanecer no Brasil. O dia ficou registrado na história como o “Dia do Fico”, data relevante para a independência do Brasil. Em um discurso semelhante, provavelmente sem a intenção de fazer uma alusão ao dia, o ministro do Turismo, Celso Sabino, comunicou nesta quarta-feira (8) que continuaria frente à pasta no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo após a exigência de sua retirada vinda de seu partido, o União Brasil.
“Pelo bem do turismo brasileiro, mas especialmente pelo bem do povo do Pará, eu fico no governo ao lado do presidente Lula, para dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito em todo o país”, disse Celso Sabino a jornalistas, alegando que não pretendia deixar o posto no Executivo devido à proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas 2025 (COP 30), que acontecerá em Belém (PA).
Em nota assinada pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, o partido comunicou que “decidiu pela suspensão cautelar do ministro Celso Sabino de suas atividades partidárias” e que conduzirá uma “comissão provisória interventiva” no comando do Diretório Estadual do Pará.
“Conforme estatuto do partido, o caso será encaminhado ao Conselho de Ética, que terá 60 dias para se manifestar quanto ao mérito das representações. O União Brasil reafirma o compromisso com a transparência de suas decisões e o respeito à vontade dos seus filiados, atuando com responsabilidade para preservar a coerência com os seus princípios e valores”, declara a nota, divulgada nesta quarta-feira.
Igualmente na mira, o ministro dos Esportes, André Fufuca, representante do PP no governo, também confirmou que permanecerá no governo. “Minha fidelidade é primeiramente ao povo que confiou o seu voto e me concedeu a honra do mandato. Neste sentido, seguirei contribuindo de forma construtiva e dedicada para a boa gestão e governabilidade do país, lado a lado com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O meu trabalho e a minha atuação estão, inequivocamente, acima de quaisquer questões e disputas partidárias internas”, manifestou o ministro em suas redes sociais, nesta quarta-feira.
Assim como o União, o Progressistas (PP), também por meio de nota, confirmou o afastamento de André Fufuca “de todas as decisões partidárias, bem como da vice-presidência nacional o partido”.
“A Direção Nacional do Progressistas realizará, ainda, intervenção no diretório do Maranhão, retirando o ministro do comando da legenda do estado. O partido reitera o posicionamento de que não faz e não fará parte do atual governo, com o qual não nutre qualquer identificação ideológica ou pragmática”, declara a nota assinada pelo presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI).
Entenda
Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP), que se uniram em federação partidária, anunciaram que estavam deixando o governo federal e exigiram que seus filiados também deixassem seus respectivos cargos no governo. Os ministros do União Brasil no governo são: Celso Sabino (Turismo), Frederico Siqueira (Comunicações) e Waldez Goés (Integração e Desenvolvimento Regional). Contudo, a determinação do partido valia apenas para Sabino, porque Frederico Siqueira e Waldez Goés são nomes apadrinhados exclusivamente pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Nas últimas semanas, Celso Sabino chegou a comunicar à imprensa que entregou sua carta de demissão ao presidente Lula e que realizaria uma última ação na abertura das obras da COP 30. Todavia, após o evento, ele voltou atrás e decidiu permanecer no governo.
Já os então representantes do PP no governo são André Fufuca (Esportes) e o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira Fernandes. Contudo, a cobrança do PP para retirada do governo não recaiu sobre o presidente da Caixa.