A boca do jacaré se fechou. “Boca do jacaré” é o termo usado por pesquisadores quando se abre uma diferença muito grande nas avaliações positiva e negativa de um levantamento. Em maio deste ano, a boca tinha se aberto. Naquele momento, a desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a ficar 17 pontos percentuais maior que a aprovação. Agora, pesquisa do Instituto Quaest divulgada quarta-feira (8) aponta um empate entre desaprovação e aprovação. Segundo a pesquisa, desaprovam Lula 49% dos entrevistados. E aprovam 48%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, o resultado aponta um empate nas avaliações.
O diretor do Instituto Quaest, Felipe Nunes, aponta que esse é o melhor resultado obtido por Lula neste ano. E é um dado veemente da recuperação da popularidade, que pesquisas anteriores já vinham apontando. Nesta quarta, a pesquisa não trouxe levantamento eleitoral, mas o normal é que essa pesquisa seja divulgada na sequência. Os resultados, no entanto, deverão refletir na corrida pela Presidência da República no ano que vem.
Em maio, quando os números se distanciaram, diversos fatores comprometiam a popularidade do governo, como a inflação dos alimentos. Para Felipe Nunes, situações recentes viraram esse jogo. Inclusive, uma queda na inflação. Mas especialmente, na sua avaliação, os fatores ligados à briga de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o discurso do governo em defesa da soberania.
Mais forte
Outros dados da pesquisa corroboram a avaliação de Nunes. Segundo 49%, Lula saiu mais forte após se encontrar com Donald Trump na Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, Trump disse ter havido “uma química” entre ele e Lula e que os dois conversariam mais detidamente em breve. A pesquisa não chegou a detectar a impressão após efetivamente os dois conversarem por 30 minutos nesta segunda-feira (6). E 51% disseram achar que, depois do primeiro encontro, Lula e Trump irão “se dar bem”.
Outros fatores parecem também corroborar o bom momento. Uma expressiva maioria de 79% disse apoiar o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, aprovada por unanimidade na Câmara e agora em tramitação no Senado. Um percentual de 64% concorda que os mais ricos devam pagar mais para compensar a isenção. Para 48%, o projeto proporcionará a ele uma “melhora pequena”. E 41% consideram que proporcionará uma “melhora importante”.
Anistia
Más notícias também na pesquisa para bandeiras que têm sido levantadas pela oposição. A maioria (47%) diz ser conta uma anistia para os condenados pelo 8 de janeiro e pela tentativa de golpe. Contra 35% que a defendem, inclusive para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo a hipótese da redução de penas, na linha do “PL da Dosimetria” tem avaliação contrária, segundo a Quaest. Para 52%, as penas foram “justas”, e esse percentual se posiciona contrário. Para 37%, as penas foram “muito duras” e esse percentual concorda com a redução.
A PEC da Blindagem, que a Câmara aprovou e o Senado rejeitou, também tem reprovação da sociedade, conforme a pesquisa. São contrários a ela 54%, contra 46% que se dizem a favor.
O Instituto Quaest ouviu 2.004 pessoas entre os dias 2 e 5 de outubro de forma presencial, por meio de coleta domiciliar, em 120 municípios definidos de maneira proporcional no país.