Por: Gabriela Gallo

Haddad acredita que EUA podem recuar sobre tarifaço

Haddad disse acreditar que EUA e Brasil corrigirão suas relações | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Após os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump (Republicano), decidirem que irão se encontrar novamente para discutirem sobre as tarifas de 50% contra a exportação de produtos brasileiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se manifestou otimista de que eles possam “virar a página” sobre o assunto. A declaração foi feita pelo ministro em entrevista ao programa “Bom dia, Ministro”, da EBC, nesta terça-feira (7).

Na conversa entre Lula e Trump na segunda-feira (6), os chefes de Estado definiram que ambos irão se encontrar novamente presencialmente nos respectivos países um do outro – Trump no Brasil e Lula nos Estados Unidos. Todavia, antes desse encontro, a articulação entre os países sobre o tarifaço ficará a cargo do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, junto ao vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB), o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o próprio Haddad. Apesar de Trump ter se manifestado favorável a uma articulação entre os países, o representante norte-americano é visto como um possível obstáculo, visto que Marco Rubio compõe a ala conservadora e ideológica de Trump.

Contudo, Haddad disse que confia na diplomacia brasileira, independentemente do perfil do responsável em negociar com o Brasil. Ele ainda alegou que a tensão entre os países se tratou de uma “largada equivocada a ser superada”.

“Eu creio que a estratégia que foi decidida pelo presidente Lula vai render os melhores frutos para o Brasil, independentemente de quem seja designado para negociar em nome do governo dos Estados Unidos. E penso que a diplomacia brasileira, com os argumentos que tem, vai saber superar esse momento que foi um equívoco muito grande”, ele disse.

O ministro ainda reforçou que as tarifas na exportação de produtos brasileiros aos EUA (como carne, café, frutas, açúcar e verduras) também está prejudicando os cidadãos norte-americanos. “O papel dos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento é oferecer os melhores argumentos econômicos para mostrar, inclusive, que o povo dos Estados Unidos está sofrendo com o tarifaço. Eles estão pagando o café mais caro, a carne mais cara e vão deixar de ter acesso a produtos brasileiros de alta qualidade no campo da indústria. Eles estão notando que as medidas mais prejudicaram do que fortaleceram”, reiterou o chefe da Fazenda.

Tarifa zero

Questionado durante a entrevista, Haddad confirmou que, a pedido do presidente Lula, o Ministério da Fazenda estuda a possibilidade de implementar a gratuidade nos transportes públicos (ônibus, metrô e trens) ao redor do país. O ministro esclareceu que a pasta realiza uma “radiografia” do setor de transportes para analisar a possibilidade.

“Nós sabemos que transporte público no Brasil, sobretudo urbano, é uma questão importante para o trabalhador. Nesse momento nós estamos fazendo radiografia do setor a pedido do presidente. Tem vários estudos que estão sendo recuperados pela Fazenda para verificar se existem outras formas mais adequadas de financiar o setor”, ele afirmou.

Nesta radiografia, o Ministério da Fazenda analisará algumas variantes. Dentre elas: quanto custa o setor; uma média do valor das passagens pagas pelo trabalhador; quanto que o poder público está colocando de subsídio no setor de transportes; quanto que as empresas mediante o vale-transporte estão aportando no setor; quais são as oportunidades tecnológicas; dentre outras.
Em entrevista à Record, Haddad admitiu que possível gratuidade de transporte público pode integrar a campanha presidencial de Lula para a reeleição à presidência da República em 2026.

De acordo com uma estimativa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a isenção do pagamento de passagens custaria R$ 90 bilhões para a União. Em entrevista à CNN, o presidente da CNT, Vander Costa, alega que uma eventual gratuidade aos transportes públicos seria um problema para os cofres públicos.