Por: Karoline Cavalcante

Às vésperas de julgamento, Lira e Damares visitam Bolsonaro

Ex-presidente se mostrou sereno e confiante | Foto: Foto: Ton Molina/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, nesta segunda-feira (1º), uma visita do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar. O pedido para a visita foi enviado à Suprema Corte por intermédio de um advogado de Bolsonaro. De acordo com Moraes, o encontro deveria seguir as regras pré-estabelecidas, que incluem a revista nos veículos do parlamentar.

Lira, que presidiu a Câmara dos Deputados de 2021 a 2024 e se alinhou com Bolsonaro durante a última eleição presidencial, não adiantou os temas discutidos. Esta visita ocorre em meio ao clima de tensão, já que o STF está prestes a iniciar o julgamento que pode resultar em condenação para Bolsonaro e outros réus acusados de envolvimento em tentativas de golpe de Estado.

Visitas

Na mesma manhã de segunda-feira, Bolsonaro recebeu outra visita importante: a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que passou cerca de duas horas com o ex-presidente. A parlamentar, que recentemente teve diagnóstico de câncer, afirmou que o encontro foi marcado por uma conversa de apoio mútuo, com momentos amistosos e de oração. Segundo interlocutores de Damares, Bolsonaro se mostrou sereno, mas enfrentando problemas de saúde decorrentes de cirurgias recentes, incluindo soluços frequentes. “Ele está bem confiante, não demonstrou abatimento em momento algum”, informaram ao Correio da Manhã.

No último sábado (30), Moraes também determinou o reforço nas medidas de segurança e monitoramento em torno da residência de Bolsonaro. Desde a imposição da prisão domiciliar, o ex-presidente tem sido monitorado por uma tornozeleira eletrônica, mas o STF decidiu ampliar a vigilância externa. A Polícia Penal do Distrito Federal agora fará patrulhamento constante nas áreas externas da casa, incluindo pontos cegos que poderiam facilitar uma possível fuga.

Além disso, qualquer veículo que saia da propriedade de Bolsonaro será minuciosamente revistado, conforme as novas diretrizes estabelecidas pelo ministro. As vistorias serão registradas e encaminhadas ao juízo de forma diária. Embora o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tenha se manifestado contrário à presença de policiais dentro da casa de Bolsonaro, ele concordou com o reforço das barreiras externas e com a vigilância sobre os veículos.

Julgamento

No dia 2 de setembro, o STF iniciará o julgamento de Bolsonaro e mais sete pessoas envolvidas no Núcleo Crucial da tentativa de golpe, uma acusação que envolve a tentativa de subverter o processo eleitoral, em 2022. A acusação também inclui a análise das ações que aconteceram após a derrota nas eleições daquele ano, especialmente a incitação de invasões e ataques às instituições democráticas.

A prisão domiciliar de Bolsonaro foi determinada em 4 de agosto após ele descumprir medidas cautelares, como a proibição de postagem de conteúdo político nas redes sociais, que, segundo o STF, violavam ordens judiciais. No entanto, a defesa do ex-presidente tem argumentado que ele está sendo submetido a restrições excessivas, especialmente com o aumento das medidas de monitoramento e o constante cerco à sua residência.