Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrar maior fidelidade aos ministros do Centrão que compõem a Palácio do Planalto, a permanência do União Brasil no poder Executivo é incerta. Nesta quarta-feira (3), o União Brasil realizará uma reunião com membros do partido para definir se a sigla permanecerá com seus representantes no Palácio do Planalto ou se deixarão o poder Executivo. Nos bastidores, a expectativa é que a sigla deixe o governo.
Os ministros do União Brasil no governo são: Celso Sabino (Turismo), Frederico Siqueira (Comunicações) e Waldez Goés (Integração e Desenvolvimento Regional). Porém, com uma eventual saída da sigla do governo, a tendência é que somente Celso Sabino deixe o cargo. Isso porque Frederico Siqueira e Waldez Goés são avaliados como nomes apadrinhados exclusivamente pelo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP).
Na sexta-feira (29) chegou a circular a informação de que o Celso Sabino já estava decido a deixar o Ministério do Turismo. Porém, ao Correio da Manhã, a assessoria de comunicação dele negou a informação. “O ministro do Turismo, Celso Sabino, segue trabalhando pelo turismo e desenvolvimento do Brasil, não sendo verídicos os rumores sobre a sua saída da Pasta. Nesta sexta-feira (29), cumpriu agenda em Belém (PA), onde comandou a instalação das primeiras placas de sinalização turística da cidade. A ação recebeu R$ 4,7 milhões do Ministério do Turismo”, destacou a comunicação de Sabino.
Em um vídeo divulgado pela assessoria do ministro, ele próprio aparece negando a sua saída do cargo. Contudo, apesar de confirmar que permanece atuando no posto, ele disse que “não tem nenhuma decisão tomada”.
“Não tem nenhuma decisão tomada ainda, continuo seguindo firme com meu trabalho aqui no Ministério do Turismo”, afirmou Celso Sabino.
Entenda
Na reunião ministerial, que ocorreu na última terça-feira (26), Lula fez um discurso direcionado para os ministros do União Brasil e do PP cobrando apoio dos ministros e reiterou que, caso os representantes da sigla não se sintam confortáveis em defender os interesses do governo, eles deveriam se retirar. Os representantes do PP no governo são André Fufuca, ministro dos Esportes, e Carlos Antônio Vieira Fernandes, presidente da Caixa Econômica Federal.
Lula direcionou a fala para que os ministros alinhassem com as bancadas do Congresso Nacional para votar e defender projetos de interesse do governo – o que não vem acontecendo nas últimas pautas do Executivo, como a derrubado do decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Além disso, os eventos de lançamento da Federação União Progressista (a junção entre o União Brasil e o PP) foram marcados por discursos contra o governo.
Após a reunião, o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, usou suas redes sociais para responder às cobranças do presidente da República. Ele disse que a fala de Lula “evidencia o valor da nossa independência e a importância de uma força política que não se submete ao governo”.
No dia seguinte à reunião, a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados encaminhou uma carta ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), posicionando “apoio irrestrito” ao presidente do partido, Antonio Rueda. No documento, a bancada reiterou que “a independência do União Brasil é valor essencial para o fortalecimento da democracia brasileira”.
“Como bem destacou o presidente Rueda, o convívio institucional não se mede por afinidades pessoais, mas pelo respeito às instituições e às responsabilidades de cada um. Nossa atuação, no Parlamento e na vida pública, é guiada pela construção de soluções que atendam aos interesses da sociedade, e não por demonstrações de desafeto. A bancada do União Brasil entende que a pluralidade e a autonomia partidária são pilares da democracia e que a construção de um futuro melhor para o Brasil depende do fortalecimento do diálogo, da estabilidade política e do desenvolvimento econômico”, destacou a carta.