A menos de uma semana do início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados de tentativa de golpe de Estado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, autor da denúncia contra os réus, foi reconduzido para mais dois anos no cargo, nesta quarta-feira (27), pelo presidente Lula (PT).
O ato de recondução será publicado no Diário Oficial da União e ainda precisa ser confirmado pelo Senado, onde Gonet passará por uma sabatina.
A decisão de Lula é uma demonstração de prestígio e de confiança no trabalho de Gonet, no momento em que as autoridades envolvidas com o julgamento da próxima semana estão sob forte ataque, dentro e fora do país. O PGR e oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, tiveram os vistos de entrada nos Estados Unidos suspensos por determinação do presidente Donald Trump, que chama de ‘caça às bruxas’ o processo contra Bolsonaro, seu aliado.
A sanção do governo norte-americano provocou forte reação do governo brasileiro, sobretudo do presidente Lula, que a classificou como “inaceitável interferência” de um país estrangeiro no sistema de Justiça nacional.
PGR e o monitoramento de Bolsonaro
Na segunda-feira (25), Paulo Gonet enviou manifestação ao STF com parecer favorável ao monitoramento policial nos arredores da casa de Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar desde o dia 4. No documento, o PGR afirma que a Polícia Federal deveria destacar equipes em tempo integral para acompanhar em tempo real o cumprimento das medidas cautelares impostas, como a prisão domiciliar e o uso de tornozeleira eletrônica.
O parecer foi encaminhado após o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, alertar o STF para o risco de fuga de Bolsonaro, inclusive com possibilidade de tentar refúgio na embaixada dos Estados Unidos em Brasília. Além disso, foi encontrado no celular do ex-presidente um rascunho de pedido de asilo à Argentina, o que acendeu o alerta dos agentes federais.
Na terça-feira (26), o ministro do STF Alexandre de Moraes ordenou que agentes da Polícia Penal do Distrito Federal fossem destacados para fazer vigilância nas proximidades da casa de Bolsonaro, no Jardim Botânico, área nobre de Brasília.