Por: Karoline Cavalcante

Haddad e Eduardo surgem como favoritos para o Senado em SP

Haddad lidera as intenções de voto para o Senado | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A pouco mais de um ano das eleições de 2026, o cenário para o Senado em São Paulo começa a ganhar contornos mais definidos, com dois nomes despontando como favoritos entre os eleitores: o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

Os dados são de uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas divulgada nesta terça-feira (26), e indica que ambos — que possuem visões políticas distintas — lideram a disputa pelas duas vagas que estarão em jogo no estado.

No levantamento estimulado — em que os entrevistados escolhem seus candidatos a partir de uma lista pré-definida — Haddad aparece com 36,8% das intenções de voto, enquanto Eduardo registra 33,6%. A diferença entre os dois está dentro da margem de erro da pesquisa de 2,4 pontos percentuais (p.p) — para mais ou para menos —, configurando, portanto, um empate técnico. Ainda assim, ambos estão em uma faixa consideravelmente à frente dos demais postulantes: na terceira colocação, com 21,7%, aparece o secretário de Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PP).

Lista

A lista segue com nomes de trajetória diversa, como o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, que soma 14,2%; o presidente nacional do Movimento Democrático Brasileiro e deputado federal Baleia Rossi, com 10,5%. e a senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), com 7,5%. Outros pré-candidatos, como o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), e o ex-parlamenta Robson Tuma (Republicanos), aparecem com menos de 6% das intenções.

O estudo ainda traçou um segundo cenário, excluindo os dois líderes da corrida — Haddad, cotado também para o governo paulista, e Eduardo, que atualmente reside nos Estados Unidos, atuando em favor da imposição de sanções contra o Brasil e autoridades do país. Nessa simulação alternativa, quem assume a dianteira é o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, Geraldo Alckmin (PSB), com 39,3% das intenções de voto. Em segundo lugar neste cenário, Derrite se mantém competitivo, com 23,2%. Salles aparece logo atrás, com 16,8%, enquanto o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL) marca 12,4%.

Eduardo

A sondagem revela ainda um cenário de estabilidade entre os demais candidatos, sem grandes movimentações fora do núcleo de favoritos. No entanto, chama atenção o crescimento de Haddad em relação ao levantamento anterior, quando ele ocupava a segunda colocação, com 32,8%. Desta vez, o ministro do governo Lula avançou cerca de quatro pontos, assumindo a liderança. Por outro lado, Eduardo sofreu leve recuo, de pouco mais de três pontos, cedendo o topo da lista — 36,7% em julho. Entre os nomes menos cotados, apenas Robson Tuma apresentou melhora nas intenções de voto.

A licença de Eduardo expirou no dia 20 de julho, e o político acumula faltas enquanto busca alternativas para evitar o retorno ao Brasil, onde teme ser preso. Caso o parlamentar acumule ausências não justificadas em mais de 1/3 das sessões ordinárias de uma sessão legislativa, a Secretaria-Geral da Mesa pode declarar a perda do mandato sem necessidade de votação em Plenário. Já se a possibilidade de cassação pelo Conselho de Ética — por suposta conspiração contra o país — for efetivada, ele fica inelegível por oito anos e ficaria impedido de disputar os dois próximos pleitos.

Além disso, o parlamentar foi indiciado pela Polícia Federal por obstrução de investigações e tentativa de interferência no curso do julgamento da Ação Penal nº 2668 — que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 — marcado para iniciar no dia 2 de setembro, cujo o Jair Bolsonaro é um dos réus. Caso a Procuradoria-Geral da República recomende o início da investigação, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite o início do julgamento e supostamente o condene, a Lei da Ficha Limpa também determina o período de oito anos de inelegibilidade.

Senado 2026

Como o eleitor poderá escolher dois nomes para o Senado nas eleições de 2026, os percentuais não somam 100%. As vagas em disputa atualmente são ocupadas por Mara Gabrilli e Alexandre Giordano (MDB-SP), cujos mandatos se encerram no próximo ciclo eleitoral. Já o terceiro senador do estado, Marcos Pontes (PL), foi eleito em 2022 e permanece no cargo até 2030.

No início do mês, durante encontro nacional do Partido dos Trabalhadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a destacar como uma das prioridades da esquerda a eleição da maioria do Senado. “Nós precisamos agora fazer uma eleição em 2026 e eleger uma maioria de senadores. Nós temos que prestar atenção nisso”, frisou o petista na ocasião.

Ao todo, o instituto entrevistou presencialmente 1.680 eleitores em 85 municípios paulistas, entre os dias 21 e 24 de agosto. O levantamento foi conduzido com 95% de grau de confiança.