O governo de Israel anunciou nesta segunda-feira (25) que retirou a indicação do diplomata Gali Dagan para a embaixada israelense em Brasília. A decisão foi tomada diante da omissão da resposta do Ministério das Relações Exteriores à indicação feita em janeiro.
Ao anunciar a medida, o governo israelense informou ao Itamaraty que as relações diplomáticas com o Brasil serão conduzidas "em um patamar inferior", e que não irá indicar um novo nome para representar o país no Brasil.
“Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior”, diz o comunicado do governo israelense.
Para exercer a atividade de embaixador, o país que recebe o diplomata deve conceder uma autorização (agrément), o que não aconteceu com a indicação de Dagan no Brasil. Nas relações internacionais, deixar o pedido em análise, como no caso, é considerado uma recusa.
Linha 'crítica e hostil'
Desde o início da guerra entre Israel e Palestina, em outubro de 2023, o presidente Lula critica duramente os ataques de israelenses na Faixa de Gaza. Em 2024, Lula comparou as ofensivas de Israel contra o Hamas ao que Adolf Hitler fez com os judeus no século passado.
A afirmação levou Lula a ser considerado "persona non grata" pelo governo israelense desde fevereiro de 2024, e a comunicação feita pelo governo israelense ratifica a declaração feita ao presidente brasileiro. Para Israel, há uma linha crítica e hostil adotada pelo Brasil.
"A linha crítica e hostil que o Brasil demonstra em relação a Israel desde 7 de outubro se intensificou a partir do momento em que o presidente Lula comparou as ações de Israel às dos nazistas. Em resposta, Israel 'o declarou persona non grata'", afirma a chancelaria.
De acordo com o assessor da Presidência e ex-chanceler Celso Amorim, a atitude brasileira de não responder à indicação é uma resposta ao tratamento recebido pelo representante em Tel Aviv, alvo de "humilhação pública" em 2024. Na ocasião, o chanceler israelense, Israel Katz, levou o ex-embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, ao museu do Holocausto em Tel Aviv.
O evento foi visto como uma humilhação ao diplomata e ao Brasil, o que levou à retirada do embaixador brasileiro em 2024 e à vacância do cargo em Israel desde então.