À medida que se aproxima o pleito eleitoral de 2026, o desempenho político dos governadores começa a ganhar novo peso — e novas cobranças. A avaliação da opinião pública sobre os atuais chefes do Executivo estadual já não se limita apenas à gestão corrente, mas passa a refletir a capacidade de transferir votos, influenciar sucessões e até figurar como presidenciáveis viáveis. Neste cenário, a nova rodada da pesquisa Genial/Quaest lança luz sobre o prestígio político de oito governadores e revela um país fragmentado entre continuidade e mudança.
Levantamento divulgado na última sexta-feira (22) aponta que Ronaldo Caiado (União), Ratinho Júnior (PSD) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) são os governadores que mais gozam da confiança de seus eleitores. Em Goiás, Caiado alcança 73% de apoio para indicar um sucessor. No Paraná, Ratinho tem 70%. Já em São Paulo, 56% dos paulistas defendem a continuidade do governo Tarcísio, o que inclui tanto sua reeleição quanto a possibilidade de fazer um sucessor.
Nos três estados, o desejo de continuidade é acompanhado de uma preferência majoritária por perfis políticos independentes para o próximo governador. Em São Paulo, 59% dizem preferir um nome desvinculado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No Paraná e em Goiás, o índice é semelhante, com 58% e 54%, respectivamente, a favor de um nome que não esteja atrelado a nenhuma das duas principais forças políticas nacionais.
Avaliações
Apesar da boa avaliação pessoal de Tarcísio (60%) e do respaldo para mais um mandato, a disputa estadual em São Paulo ainda promete embates duros. O atual governador lidera o cenário estimulado com 43%, seguido pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), com 21%, e da deputada federal Erika Hilton (Psol), com 8%.
Em Goiás, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) desponta como herdeiro natural de Caiado e já aparece com 26% das intenções de voto, tecnicamente empatado com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que tem 22%. Mesmo com baixa taxa de conhecimento público, Vilela mostra potencial de crescimento com o apoio do atual governo.
No Paraná, a força política de Ratinho Júnior ainda não se traduz em intenções de voto para seu apadrinhado. O secretário das Cidades do Paraná, Guto Silva (PSD), nome lançado por Ratinho, marca apenas 6%, enquanto o senador Sergio Moro (União Brasil) lidera com 38%.
A realidade muda significativamente em estados como Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia, onde o sentimento de ruptura é mais evidente.
No Rio de Janeiro, 57% dos entrevistados são contra a ideia de o governador Cláudio Castro (PL) indicar seu sucessor. O prefeito Eduardo Paes (PSD), principal nome da oposição, lidera o cenário com 35% das intenções de voto, contra apenas 9% do candidato apoiado por Castro, o deputado estadual Rodrigo Barcellar (PL).
Pernambuco, por sua vez, registra o cenário mais adverso entre os analisados. A governadora Raquel Lyra (PSDB) enfrenta rejeição majoritária: 54% dos eleitores não desejam vê-la reeleita. No cenário eleitoral, João Campos (PSB), prefeito do Recife, aparece com 55%, bem à frente da atual gestora, que tem 24%.
No Rio Grande do Sul, a situação do governador Eduardo Leite (PSD) também inspira cautela. Apesar de contar com 58% de aprovação, a maioria dos eleitores (54%) se opõe à ideia de que ele escolha o próximo governador. A disputa estadual está embolada entre a ex-deputada estadual Juliana Brizola (PDT), com 21%, e o deputado federal Coronel Zucco (PL), com 20%.
Já em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) enfrenta um declínio em sua força política. Se até o início do ano a expectativa era de que ele fizesse seu sucessor sem grandes dificuldades, hoje o cenário é de empate técnico: 46% dos mineiros apoiam que Zema indique um nome para a disputa, enquanto 48% se posicionam contra. No quadro eleitoral, o senador Cleitinho (Republicanos) lidera com 28%, seguido do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (16%), e do senador Rodrigo Pacheco (9%). O nome ligado ao governo, o vice-governador Mateus Simões, recebe apenas 4%.
Na Bahia, o equilíbrio é absoluto: 48% defendem que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) possa eleger seu sucessor, enquanto outros 48% preferem mudança. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), aparece na dianteira com 41%, contra 34% de Jerônimo. O ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, João Roma (PL), tem 4%.
Eleições 2026
Além disso, o levantamento apontou que, embora alguns governadores mantenham índices altos de aprovação — como Caiado (88%), Ratinho (80%) e Tarcísio (60%) —, fora de seus redutos eleitorais, sua popularidade ainda é limitada. Segundo os dados, 54% dos brasileiros não conhecem Caiado, 46% desconhecem Ratinho Jr. e 34% nunca ouviram falar de Tarcísio. Esse fator pode se tornar decisivo em uma eventual candidatura à Presidência da República.
A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e possui margem de erro de três pontos percentuais (exceto em São Paulo, onde é de dois pontos) e nível de confiança de 95%. Os resultados oferecem um retrato fiel do atual clima político nos estados, às vésperas de uma eleição que promete ser altamente disputada. A pesquisa, realizada entre os dias 13 e 17 de agosto com 10.146 entrevistados, foi conduzida presencialmente em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco.