Por: Karoline Cavalcante

Lula lidera todos os cenários para 2026, mas rejeição ainda desafia

Lula lidera, mas maioria preferia não vê-lo disputar | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com vantagem todos os cenários simulados de primeiro turno para a eleição presidencial de 2026, de acordo com pesquisa divulgada nesta quinta-feira (21) pela Quaest, encomendada pela Genial Investimentos. O levantamento testou cinco possíveis configurações de disputa, e em todas elas o petista aparece à frente, com índices que oscilam entre 34% e 35% das intenções de voto.

Na única simulação que inclui Jair Bolsonaro (PL) — ex-presidente atualmente inelegível e sob prisão domiciliar —, Lula registra 34% das intenções de voto, contra 28% do ex-chefe do Executivo. Apesar de fora da disputa, Bolsonaro ainda figura como principal nome da direita e, mesmo ausente de outros cenários, é utilizado como referência de comparação. Quando substituído por aliados e herdeiros políticos, o desempenho do campo bolsonarista recua consideravelmente. Sua esposa, Michelle Bolsonaro, por exemplo, aparece com 21%, mesmo patamar alcançado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e possível aposta do campo oposicionista. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pontuam ainda menos, com 15% e 14%, respectivamente.

Centrão

Outros nomes do espectro político mais ao centro ou centro-direita também foram testados. O ex-ministro da Integração Nacional do primeiro governo Lula Ciro Gomes (PDT) permanece como uma terceira via recorrente, oscilando entre 8% e 11% a depender do cenário. Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), também figuram no levantamento, mas não ultrapassam a casa dos 10%.

Na pesquisa espontânea — aquela em que os entrevistados respondem livremente, sem lista prévia de candidatos —, Lula também aparece em primeiro lugar, com 16% das menções. Jair Bolsonaro vem na sequência, com 9%. Embora o petista registre crescimento nessa modalidade em comparação aos meses anteriores, o índice de indecisos segue alto, atingindo 66% do total.

Segundo turno

O estudo também simulou nove cenários de segundo turno, e em todos eles Lula venceria seus adversários. Contra Bolsonaro, a vantagem seria de 47% a 35%. Em disputas com outras figuras da direita, como Michelle, Tarcísio, Ratinho Jr. ou Eduardo, o petista mantém a dianteira com margem de vantagem variando de nove a 18 pontos percentuais.

Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, “a oposição ficou tão ‘intoxicada’ pelo tarifaço que até Ratinho Jr, que tem sido mais discreto em relação ao tema, viu seu desempenho piorar”.

A maior mudança de um mês para o outro, porém, foi na simulação entre Lula e Eduardo: a vantagem de Lula já era de dez pontos, mas passou para 15 pontos em um mês. “Toda a ação de Eduardo nos EUA não tem lhe rendido frutos eleitorais até aqui”, explicou Nunes. O parlamentar, que se licenciou do mandato em março e passou a viver nos EUA, tem atuado diretamente em favor de penalidades a autoridades brasileiras sob o argumento de denunciar violações de direitos humanos.

Desde que o parlamentar se mudou para o país, o presidente da Casa Branca, Donald Trump (Republicano), já anunciou uma tarifa de 50% em diversos produtos brasileiros, além de aplicação da Lei Magnitsky — criada para punir violações graves de direitos humanos e casos relevantes de corrupção — contra o ministro Alexandre de Moraes, por alegar que o magistrado promoveu “prisões arbitrárias” e a “supressão da liberdade de expressão”.

Desgaste

Apesar do favoritismo nas simulações, a pesquisa revela um desgaste tanto para Lula quanto para Bolsonaro no que diz respeito ao desejo de renovação por parte do eleitorado. De acordo com os dados, 58% dos entrevistados afirmam que o atual chefe do Planalto não deveria se candidatar novamente, enquanto 39% apoiam uma nova tentativa de reeleição. No caso do ex-presidente, a rejeição é ainda maior: 65% dos brasileiros são contrários a uma nova candidatura, que está impedido de disputar eleições até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os apoiadores do bolsonarismo, quando perguntados sobre quem deveria receber o endosso político de Bolsonaro caso ele permaneça fora da corrida, os nomes da ex-primeira-dama e do governador de São Paulo dividem as preferências. Ambos aparecem tecnicamente empatados, com 16% e 14%, respectivamente.

A pesquisa também apurou a percepção dos eleitores em relação ao retorno de ambos os líderes ao comando do Executivo Federal. Para 47% dos entrevistados, a volta de Bolsonaro ao poder causaria mais temor do que a reeleição de Lula. Já 39% manifestam mais medo de um novo mandato do petista. Outros 8% afirmaram temer igualmente ambos os cenários.

O levantamento foi realizado de forma presencial entre os dias 13 e 17 de agosto de 2025, com uma amostra de 12.150 pessoas com 16 anos ou mais, distribuídas por todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.