Por: Karoline Cavalcante

Lula defende funcionários do Ministério da Saúde

'Mundo é muito grande', diz Lula após EUA revogar vistos | Foto: Foto: Ricardo Stuckert /PR

Após o governo dos Estados Unidos anunciar a revogação dos vistos de dois funcionários do Ministério da Saúde do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa dos atingidos. Nesta quinta-feira (14), durante cerimônia de inauguração da Fábrica de Hemoderivados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) — que produzirá medicamentos essenciais ao Sistema Único de Saúde (SUS) — na cidade de Goiana (PE), o chefe do Palácio do Planalto afirmou que isso não deve ser uma razão de se preocupar. “O mundo é muito grande”, declarou.

"Não fique preocupado com o visto dos Estados Unidos. O mundo é muito grande. O Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Você tem lugar para andar no Brasil para caramba. Não se importe. O importante é eles saberem que a nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos. Hoje estão passando necessidade num bloqueio que não há nenhuma razão", disse o petista, direcionando o conselho a Mozart Sales e Alberto Kleiman — que estiveram envolvidos no programa Mais Médicos.

A medida, divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA na quarta-feira (13), também afetou ex-integrantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Ela foi justificada pelo governo norte-americano como uma forma de penalizar a colaboração com Cuba. Segundo a Casa Branca, o programa foi um "esquema coercitivo" que teria beneficiado o regime cubano, acusando-o de exportar trabalho forçado. Em resposta, tanto os secretários quanto aliados políticos defenderam a iniciativa, destacando seus impactos positivos na saúde pública do Brasil.

Repúdio

“O Programa Mais Médicos pelo Brasil é uma iniciativa primordial do Governo Federal para garantir o necessário atendimento de saúde a milhões de brasileiras e brasileiros em todas as regiões do país. Essa sanção injusta não tira minha certeza de que o Mais Médicos é um programa que defende a vida e representa a essência do SUS, o maior sistema público de saúde do mundo — universal, integral e gratuito”, defendeu Mozart.

Além disso, Sales destacou que, ao longo dos anos, o programa teve uma taxa de aprovação de 87%, em menção à pesquisa Datafolha de 2013. Ele também enfatizou a relevância do Mais Médicos para a estrutura do SUS, considerando-o uma das iniciativas mais significativas para a saúde pública no Brasil.

O ministro da Saúde Alexandre Padilha se posicionou de maneira firme contra a revogação dos vistos e reiterou o apoio ao programa. Em uma postagem nas redes sociais, Padilha afirmou que o Mais Médicos "sobreviverá aos ataques injustificáveis". Ele comparou a resistência do programa à resiliência do sistema de pagamento brasileiro, o Pix, que também já enfrentou críticas do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano). "O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira", afirmou.

“Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência. Nesse Governo atual, em dois anos, dobramos a quantidade de médicos no Mais Médicos. Temos muito orgulho de todo esse legado que leva atendimento médico para milhões de brasileiros que antes não tinham acesso à saúde”, prosseguiu o ministro.

Também em reação, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que já discutiu uma possível candidatura de Mozart a vice-prefeito nas eleições de 2024, prestou seu apoio ao secretário, destacando seu compromisso com a saúde pública e sua trajetória profissional. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) também se manifestou, chamando Mozart de "orgulho nacional" e expressando sua solidariedade. A secretária de Informação e Saúde Digital, Ana Estela Haddad, lembrou que Mozart tem uma carreira pautada por um "compromisso profundo com a saúde e com um Brasil mais justo e soberano".

Mais Médicos

Criado em 2013 no governo de Dilma Rousseff (PT), o Mais Médicos levou médicos cubanos a regiões remotas do Brasil, muitas vezes de difícil acesso e carentes de profissionais de saúde. O objetivo era ampliar o atendimento médico e melhorar a qualidade da saúde básica no país. A participação de Cuba foi mediada por meio de um acordo com a Opas, que possibilitou a vinda dos médicos cubanos para suprir a falta de profissionais brasileiros em diversas áreas.