Marco Rubio, secretário de Estado do governo Donald Trump responsável pelas relações exteriores dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (13) que o país está tomando medidas para revogar e impor restrições a vistos de funcionários e ex-funcionários tanto do governo brasileiro quanto da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Na lista de nomes estão Mozart Sales, atual Secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, diretor da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica para a COP-30. De acordo com o governo Trump, eles e outros funcionários que atuaram no programa Mais Médicos "são cúmplices em um esquema de exportação do trabalho forçado do regime cubano".
No comunicado, feito nas redes sociais de Rubio e republicado em português pela embaixada dos EUA no Brasil, o programa federal Mais Médicos foi chamado de "fraude diplomática inadmissível de missões médicas estrangeiras".
O @StateDept também está adotando medidas para revogar e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro e ex-funcionários da OPAS que foram cúmplices do esquema do regime cubano de exportação de trabalho forçado. O programa Mais Médicos representou um golpe… https://t.co/aUSQoHVuw9
— Embaixada EUA Brasil (@EmbaixadaEUA) August 13, 2025
Segundo o governo Trump, Sales e Kleiman teriam recorrido à Opas para atuar como intermediária do regime cubano. Ao fazer isso, o governo brasileiro estaria desrespeitando as normas constitucionais do Brasil, contornando as restrições impostas pelos EUA a Cuba e repassando valores que deveriam ser destinados aos médicos na ilha.
A investigação do governo Trump sobre a Opas e seu papel no programa Mais Médicos começou ainda no primeiro mandato do republicano, entre 2017 e 2021. À época, o secretário de Estado do governo Trump cobrou que a Opas prestasse esclarecimentos sobre sua participação no envio de médicos cubanos ao Brasil.
Além disso, o então secretário de Estado, havia afirmado que Trump cobraria prestação de contas "de todas as organizações internacionais de saúde que dependem de recursos de contribuintes americanos".
Mais Médicos
Lançado em 2013 pelo governo de Dilma Rousseff (PT), o programa Mais Médicos tinha como objetivo enviar profissionais da saúde estrangeiros, maioria cubana, para regiões pouco atendidas pelos médicos brasileiros. O acordo foi firmado entre Brasil e a Opas, vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em 2018, a participação de Cuba foi encerrada e, desde então, os cubanos devem ser validar o diploma em território brasileiro, como prevê a regra do Conselho Federal de Medicina para profissionais estrangeiros. Atualmente, cerca de 24 mil médicos atuam no programa, em mais de 4 mil municípios brasileiros.
'Ataque do governo Trump'
O atual ministro da saúde, Alexandre Padilha, manifestou indignação no X (antigo Twitter) em relação ao cancelamento dos vistos, e chamou a medida de "ataque do governo Trump". De acordo com o ministro, o Mais Médicos é reconhecido e aprovado pela população brasileira, que é "quem mais importa".
O Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira.
— Alexandre Padilha (@padilhando) August 13, 2025
Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das…