Por: Jorge Vasconcellos

Ao lado de 4 presidentes, Lula alerta para "nova ofensiva antidemocrática"

Lula durante evento | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula participou, nesta segunda-feira (21), da Reunião de Alto Nível ‘Democracia Sempre’, realizada em Santiago, no Chile. Sem citar os ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diferentes países, incluindo o Brasil, ele alertou que “vivenciamos uma nova ofensiva antidemocrática”.

Além de Lula, participaram do encontro os presidente do Chile, Gabriel Boric, da Espanha, Pedro Sánchez, da Colômbia, Gustavo Petro, e do Uruguai, Yamandú Orsi. Após a reunião, o petista fez uma declaração à imprensa.

Lula iniciou o discurso afirmando que o fato de o evento se realizar no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno, “tem uma simbologia especial”.

“Aqui a democracia chilena sofreu um dos atentados mais sangrentos da história da América Latina”, disse, em referência ao golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet em 1973.

“Nossos países conhecem de perto os horrores de ditaduras que mataram, perseguiram e torturaram. O caminho para a reconquista da democracia e da liberdade foi longo. Democracias não se constroem da noite para o dia. Zelar pelos interesses coletivos é uma tarefa permanente”, afirmou Lula.

Ele defendeu o fortalecimento das instituições democráticas e do multilateralismo, “em face dos sucessivos ataques que vêm sofrendo”. No caso particular do Brasil, o país enfrenta uma forte ofensiva de Trump, que anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e revogou vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com o argumento de que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado, é uma “caça às bruxas”.

Plataformas digitais

O petista também alertou para a necessidade de regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação, “para devolver ao Estado a capacidade de proteger seus cidadãos”.

“A chave para um debate público livre e plural é a transparência de dados e uma governança digital global. Liberdade de expressão não se confunde com autorização para incitar a violência, difundir o ódio, cometer crimes e atacar o Estado Democrático de Direito”, afirmou o presidente brasileiro.

Lula lembrou que a ofensiva antidemocrática já havia sido tema de um encontro entre Brasil e Espanha durante um encontro em setembro do ano passado, à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

“De lá para cá, a situação no mundo se agravou. O quadro que enfrentamos exige ações concretas e urgentes. A reunião de hoje, organizada pelo presidente Boric, é um passo nessa direção”, disse Lula.

“A democracia liberal não foi capaz de responder aos anseios e necessidades contemporâneas. Cumprir o ritual eleitoral a cada 4 ou 5 anos não é mais suficiente. O sistema político e os partidos caíram em descrédito”, acrescentou o chefe do governo brasileiro.