Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se reuniram nesta quarta-feira (16) com o vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), para discutirem a ameaça de tarifas de 50% a produtos brasileiros impostas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump (Republicano). No encontro, os três enfatizaram a soberania brasileira como reação ao tarifaço.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente do Senado reiterou que o poder Executivo pode contar com o Legislativo, que está “integralmente à disposição da defesa dos interesses brasileiros”.
“O Parlamento brasileiro está unido em torno da defesa dos interesses nacionais. Eu tenho conversado muito com o presidente Hugo Motta em relação a esses últimos acontecimentos, e nós, o poder Legislativo, temos a compreensão que vamos defender a soberania nacional, os empregos dos brasileiros, os empresários brasileiros, e tenho convicção de que esse processo tem que ser liderado pelo Poder Executivo. Essa relação diplomática internacional tem que ser feita pelo chefe de Estado”, destacou Davi Alcolumbre.
Reciprocidade
No mesmo vídeo, Hugo Motta também se posicionou, citou a Lei da Reciprocidade como um exemplo da união entre os poderes sobre as taxações impostas pelos EUA. “Assim como fizemos na Lei da Reciprocidade onde, tanto no Senado quanto na Câmara, aprovamos por unanimidade um instrumento que hoje o governo brasileiro tem para garantir a proteção do nosso país, dos nossos negócios. Nós estamos prontos para estar na retaguarda do poder Executivo para que as decisões em que forem necessárias a ação do Parlamento, nós possamos agir com agilidade para que o Brasil possa sair mais forte dessa crise”, completou o presidente da Câmara. Em entrevista à TV Câmara dos Deputados, Motta ainda confirmou que, se necessário, o Congresso poderá ser convocado durante o recesso parlamentar (18 a 31 de julho).
Ao final do vídeo, Alckmin reiterou que “a separação dos poderes é pedra basilar do estado de direito”.
“Na questão comercial, entendemos que há um equívoco do governo americano porque eles tem superávit na balança comercial com o Brasil. Dos dez produtos que eles mais exportam, oito não pagam nada de imposto e a tarifa média de imposto é 2,7%. Então [o tarifaço] é totalmente inadequado, é injusto”, destacou Alckmin.
Após reuniões com representantes da indústria nacional (avião, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, sapatos, móveis e autopeças) e do agronegócio (suco de laranja, mel, carnes, café, frutas, couro e pescado) impactados com a decisão de Trump, empresários defenderam que não sejam adotadas medidas de retaliação. “O que vimos foi um alinhamento em torno da negociação”, destacou Alckmin em conversa com a imprensa na terça-feira (15).
Comitiva
Para além do encontro entre os principais representantes do governo e Congresso, representantes do Senado Federal viajarão para Washington, capital dos Estados Unidos, para negociar diretamente com parlamentares norte-americanos e Donald Trump sobre as taxas anunciadas para o Brasil. A comitiva foi convocada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, Nelsino Trad (PSD-MS). Serão convocados oito senadores (quatro titulares e quatro suplentes) para irem aos Estados Unidos de 29 a 31 de julho, dias antes do início do tarifaço anuciado por Trump (1º de agosto).
A comissão temporária externa para atuar diplomaticamente junto ao Congresso norte-americano (Capitólio) foi aprovada nesta terça-feira (15). Nelsinho Trad destacou que a proposta visa criar uma “ponte de diálogo” entre representantes brasileiros e norte-americanos.
Em entrevista à CNN Brasil nesta quarta, Nelsinho Tradd explicou que os senadores que irão compor a comitiva ainda serão definidos entre ele e Davi Alcolumbre. Serão selecionados nomes de parlamentares que tenham uma “interlocução mais afinada” com os Estados Unidos, especialmente voltado ao agronegócio. Dentre os nomes inicialmente cotados – devido a seu histórico parlamentar – são os senadores Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP).