Nesta terça-feira (15) o governo federal realiza as primeiras reuniões para discutir estratégias e alternativas para amenizar os efeitos econômicos das tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump (republicano), a produtos brasileiros.
Estão agendados dois encontros para hoje: um às 10h com setores da indústria que tenham uma relação mais próxima com o comércio exterior e outro às 14h com representantes do agronegócio. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (14) pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), em entrevista coletiva. As reuniões fazem parte de um comitê interministerial criado para resolver a questão tarifária com os norte-americanos, medida anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo (13).
Reciprocidade
Além disso, o decreto que regulamenta a Lei de Reciprocidade está previsto para ser divulgado no Diário Oficial da União (DOU), nesta terça-feira. “A lei autoriza o Executivo a adotar medidas de proteção do país quando medidas extemporâneas e extraordinárias forem adotadas de forma unilateral por outros países contra o Brasil”, disse o ministro da Casa Civil Rui Costa em conversa com a imprensa, nesta segunda. A lei ainda concede a possibilidade do governo federal adotar ações comerciais em resposta a possíveis medidas unilaterais de blocos econômicos.
O presidente Lula (PT) sancionou o decreto que regulamenta a medida nesta segunda-feira (14). As informação são do UOL. Em conversa com jornalistas, Rui Costa adiantara que a medida não deve ser voltada exclusivamente aos Estados Unidos. “A denominação ‘reciprocidade’ pode responder de um formato também rápido, se outro país fizer medidas semelhantes a essa que foi anunciada pelos Estados Unidos”, reiterou o ministro.
Comitê
Além do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o comitê interministerial será composto pela Casa Civil, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Fazenda. Segundo Alckmin, que será o coordenador do comitê interministerial, a primeira fase é conversar com o setor privado. Para a primeira reunião desta terça participarão entidades industriais e empresas ligadas ao comércio para os Estados Unidos – dentre elas, avião, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, sapatos, móveis e autopeças. Já no período da tarde, os ministros se reunirão com representantes do agronegócio que exportam suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescado.
Para além dos ministérios centrais ligados ao comitê interministerial, também participaram das primeiras discussões representantes dos Ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Pesca e Aquicultura (MPA) e de Portos e Aeroportos.
Dos EUA
Mas para além de representantes brasileiros, o vice-presidente da República destacou que eles também negociarão com empresas norte-americanas que serão impactadas com as possíveis taxações a partir de 1º de agosto. “É evidente que as empresas americanas também serão atingidas. Então vamos conversar também com as empresas americanas e com as entidades do comércio Brasil-Estados Unidos”, destacou Alckmin.
“O Brasil não tem superávit com os Estados Unidos. Aliás, é o contrário. Dos dez produtos que eles mais exportam, oito [deles tem] tarifa zero. Então vamos trabalhar juntos com a iniciativa privada”, ele completou.
Ele usou como exemplo o carvão siderúrgico. O Brasil compra o carvão siderúrgico norte-americano, fabrica aço semiplano e depois vende esse aço de volta aos Estados Unidos, que o utilizam para produzir motores e outros produtos de maior valor agregado. O vice-presidente e ministro da Indústria ainda reiterou que o Brasil vem tentando negociar com autoridades estadunidenses há alguns meses, mas ainda não teve retorno.
Questionado pela imprensa, o vice-presidente negou que o governo federal tenha solicitado uma prorrogração no prazo para a implementação das tarifas, tampouco pediu para reduzir as alíquotas de tributação. “O que nós estamos fazendo é ouvir os setores mais envolvidos para o setor privado também participar e se mobilizar, também com seus congêneres e parceiros nos Estados Unidos”, destacou Alckmin.