Por: Da Redação

Advogados de Bolsonaro vão depor ao STF

Advogados teriam pressionado família de Mauro Cid | Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) marcou para a próxima terça-feira, 1o de julho, depoimentos do ex-secretário de Comunicação e advogado Fabio Wajngarten e dos advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro na ação penal que julga uma tentativa de golpe de Estado no país. Também serão ouvidos os defensores do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro.

Segundo a determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, eles irão responder à PF pela suspeita de obstrução à Justiça. A razão são denúncias de que teriam pressionado familiares do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro e delator na ação penal.

Segundo a determinação feita por Moraes, o advogado de Câmara, Luiz Eduardo Kuntz, teria procurado “insistentemente” a filha de Mauro Cid, que tem 14 anos, em busca de um contato. As tentativas aconteceram pelo WhatsApp.

Wajngarten também teria, segundo o ministro, tentado contato com a filha de Cid. Ele também teria procurado a esposa do tenente-coronel, Gabriela.

Desistir

Kuntz e outro advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, teriam também “cercado” a mãe do delator, Agnes Barbosa Cid. O objetivo seria tentar convencer Mauro Cid a desistir de fazer a colaboração com a Justiça.

Todas as acusações aconteceram depois que surgiu a denúncia de que Mauro Cid teria usado as redes sociais quando estava proibido de fazer isso pelo acordo celebrado com a Justiça. Cid teria usado um perfil de sua esposa. Essa questão chegou a ser feita no depoimento de Mauro Cid pelo também advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi. Na ocasião, Cid negou. Isso, então, foi tema de reportagem da revista Veja no fim de semana seguinte. Os advogados trabalham pela anulação da delação de Cid pela quebra do compromisso.

As conversas mostram mensagens de Kuntz. Segundo a defesa de Cid, as mensagens mostram, ao contrário, que o advogado o procurou. E que essa tentativa foi “ardilosa”.

“É incontroversa a tentativa do advogado Luiz Eduardo Kuntz em encontrar Mauro Cid, que já estava com cautelares diversas de prisão e acordo de colaboração premiada homologado pelo Supremo e, mesmo assim, ardilosamente procurou sua filha menor de idade”, diz nota da defesa do tenente-coronel.

“Criminalização”

Fabio Wajngarten reagiu à convocação para o depoimento. Para ele, é a “criminalização” do exercício da advocacia. “É a cortina de fumaça para tentar ocultar a expressa falta de voluntaridade do réu delator Mauro Cid e a consequente nulidade da colaboração”, considera Wajngarten.

“Causa indignação e não surpresa que a decisão do ministro seja amplamente publicizada enquanto as razões que supostamente as motivam estejam em sigilo. Tão logo tenha acesso aos autos do inquérito, que não seja através da imprensa, vou me manifestar”, prossegue.